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sexta-feira, 29 de setembro de 2017

CAMPANHA COMPARTILHE A VIAGEM DO PAPA FRANCISCO

                                                                                        Se queres a paz, lute pela justiça.





No dia 27 de Setembro de 2017 com o lema: “Compartilhe a viagem” o Papa Francisco como Ação da Igreja Católica através da Caritas Mundial fez a abertura da mesma a todos homens e mulheres de boa vontade, Instituições, Organizações, Igrejas, Governos e Tradições Religiosas com o objetivo de promover a cultura do encontro e da partilha, motivar pessoas, grupos e comunidades a pensar suas práticas em relação aos migrantes e refugiados.
Uma das perguntas mais importantes que podemos nos fazer como indivíduos comunidades e países, nestes momentos de deslocamentos em massa de pessoas e de tanta incerteza é: “Eu permito que o medo prevaleça em meu coração, ou deixo que reine a esperança”?

1-CHAMADO DO CARDEAL TAGLE A TODOS HOMENS E MULHERES DE BOA VONTADE
2-ALGUMAS ORIENTAÇÕES PARA O BOM ÊXITO DA CAMPANHA (Para o bom êxito da campanha podemos nos fazer algumas importantes perguntas, tendo consciência de que as respostas não são suficientes).
O que queremos com esta campanha?
  • -Promover a cultura do encontro que permita a toda sociedade dialogar sobre a realidade da migração.
  • Para falar sobre os direitos é preciso acolher, encontrar, reconhecer o outro e a outra como sujeitos, irmãs/irmãos.
  • Espaços para que os migrantes e refugiados possam compartilhar suas histórias e trajetórias.
  • A Caritas acredita que a cultura do encontro permite tocar a sensibilidade das pessoas: é preciso conhecer as realidades, as histórias, as alegrias e dores de quem está em situação de migração.
  • Escutar: de onde migram? Quais a realidades que motivam a migração? Por onde migraram/migram? Com quem se encontram ao longo da “viagem”?
Em relação à Incidência e Advocacy?
  • Incidência junto aos organismos internacionais, com destaque para o processo de elaboração de dois novos pactos globais da ONU (um sobre Migração e outro sobre Refúgio) que devem ser adotados na Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro de 2018.
  • Consultas nacionais e regionais entre fevereiro e julho de 2018.
  • E no Brasil? Como vamos construir processos de incidência?
Em relação às possibilidades de ações nos Países?
  • Construir um plano de ação da Campanha Mundial em cada país (Caritas Nacional, regionais e entidades membro).
  • As atividades precisam ter como foco a promoção da cultura do encontro.
  • Como possibilitar que os migrantes e refugiados compartilhem suas histórias com nossas comunidades? O que nossa gente pensa sobre a migração?
3-DATA E MOMENTOS IMPORTANTES (Atenção para algumas datas importantes para a realização da campanha durante os três anos para sua realização):
  • Julho/setembro 2017: elaboração dos planos nacionais, produção dos materiais de comunicação. Será lançado um site mundial com informações específicas sobre a Campanha.
  • 27 de setembro/2017: Lançamento da Campanha com o convite/motivação do Papa Francisco.
  • A partir de fevereiro/2018: Negociações sobre os Pactos Globais da ONU.
  • Junho/2018: Semana Global sobre Migração e Refúgio.
  • Setembro/2018: Negociações para aprovação dos Pactos Globais na Assembleia da ONU.
  • Maio/2019: Assembleia Geral da Caritas Internationalis
  • Final de 2019: Encerramento da Campanha.
4-CRISE ÉTICA, SOCIAL E ECOLÓGICA, OPORTUNIDADE PARA UMA NOVA CONSCIÊNCIA
Com esta campanha “partilhando a viagem” queremos ao mesmo tempo denunciara as causas injustas da migração e do refúgio forçado, anunciar um mundo novo possível e celebrar a cultura da partilha e do encontro numa relação fraterna e solidária com o outro que é diferente e igual e por isso tão semelhante convivendo ao nosso  lado, conforme a afirmação do papa Francisco em sua encíclica “laudato si” em sua proposta no resgate e na construção de uma ecologia integral como novo paradigma: o cuidado corresponsável.  “tudo está relacionado e todos nós, seres humanos, caminhando juntos como irmãos e irmãs numa peregrinação maravilhosa, entrelaçados pelo amor que deus tem a cada uma de suas criaturas e que nos une também, com terna afeição, ao irmão sol, à irmã lua, ao irmão rio e à mãe terra” (n. 92)
Em outras palavra Leonardo Boff em seu livro “Casa Comum, a Espiritualidade e o Amor” também nos chama a atenção para o cuidado e a responsabilidade que todos  temos com a criação, e que hoje por causa da depredação e do consumismo se rebela com violência nos seus mais diferentes fenômenos climáticos causando morte, destruição e um êxodo forçado sem precedentes na história “A Mãe Terra não criou apenas os seres humanos, mas todos os seres da comunidade de vida que precisam de seus nutrientes, de água, de fibras e de solo férteis. Estamos todos interligados, formando uma vasta rede de conexões. São elas que nos mantém vivos dentro da única Casa Comum”
Para superarmos estas condições e esta situação causa da ganância e do egocentrismo humano continua nos alertando o documento Laudato Si “Como nunca antes na história, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo… Isto requer uma nova mudança na mente e no coração. Requer um novo sentimento de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável aos níveis local, nacional e global” Nesta direção os Povos originários e Indígenas são especialistas e nos ensinam como devemos viver numa convivência fraterna e com o necessário para todos através do sistema do “Bem Viver” um outro sistema urgente, necessário e possível.
Por outro lado e paralelamente a tudo isso que estamos vivendo e convivendo com preocupantes vazios éticos e desmandos políticos carregados de confusão e de interesses corporativos, diante de ideologias nacionalistas que defendem a soberania, a construção de muros, (Hoje se constitui um dos maiores negócios do capital) a segurança nacional… sem levar em conta em primeiro lugar a segurança das pessoas.
É urgente acabar e romper, com todo tipo de visão e mentalidade belicosa que tanto destrói e mata. A guerra não tem nada de bom e nada contribui para a vida. Na guerra todos perdem. A construção de armas é um absurdo humano sem nenhum sentido existencial, porque nascemos para a vida e fomos criados para a paz.
É urgente acabar com todo tipo de ganância e de concentração de riquezas e de terras, na ilusão de encontrar a realização no acúmulo de coisas. Esta concentração cada vez maior como políticas de governos, corporações, autoridades nacionais e internacionais sem escrúpulos e sem ética está causando todo tipo de violência, morte e destruição do planeta, dos povos e da sociedade. Eles não têm mais autoridade moral para exigir coerência e obediência de ninguém por isso a campanha quer revelar as causas profundas e injustas de um sistema que é: “…insuportável que exclui, degrada e mata” conforme afirmou o Papa Francisco em seu II Encontro com os Movimentos Sociais na Bolívia, e propõe, uma sociedade que acolhe cuida e ama ao próximo. Temos a convicção e acreditamos nas palavras de Paulo VI “A justiça é o novo nome da paz”. Por isso a importância e a urgência desta campanha na construção de uma cultura do encontro e da partilha entre todos os semelhantes da família humana
Estamos vivendo uma crise societária em três dimensões: ética, social e ecológica como consequência do Sistema Capitalista injusto, contraditório e perverso que se revela violento no que há de mais sagrado: A criação e as pessoas, ou seja: Na concentração de capital e riquezas e na exclusão dos que produzem e constroem a humanidade, os trabalhadores e trabalhadoras, do campo e da cidade.
Neste contexto não se trata de uma crise humanitária como a mídia divulga e anuncia aos quatro ventos, porque a verdadeira crise causadora da migração e do refúgio forçados, excluindo e descartando milhões de seres humanos de seus direitos, aumentando cada dia mais as vítimas do tráfico de pessoas nas suas mais diversas modalidades, na construção de leis migratórias excludentes e de políticas migratórias xenófobas e excludentes protegendo a livre circulação dos mercados e impedindo a liberdade sagrada das pessoas da possibilidade de ir e vir obrigando-as à servidão, escravidão e exploração insaciáveis  e causando todo tipo de destruição e de violência ao Planeta nossa casa comum e uma migração massiva e complexa sem precedentes na história.
Neste sentido sublinhamos e queremos denunciar com veemência que este mesmo sistema perverso de concentração e exclusão é o verdadeiro causador dos desequilíbrios climáticos e ecológicos no Planeta que por sua vez são a causa de expulsão forçada de milhões de seres humanos obrigados a fugir para salvar suas vidas e sobreviver em outros lugares, inclusive muitos destes nossos irmãos (as) acabam se encontrando sem Pátria e sem nacionalidade porque seus Territórios desapareceram ou foram usurpados. Atualmente existem milhões de Apátridas (Pessoas sem Pátria e sem Nacionalidade). Mais de cem mil crianças menores desacompanhadas, mais de 65 milhões de refugiados, mais de 250 milhões de migrantes fora de seus lugares de origem. Milhões de vítimas da droga e do tráfico de pessoas têm todo o direito de buscar segurança, paz e o mínimo necessários para viver com dignidade. Enquanto não formos capazes de reconhecer as causas verdadeiras da crise sistêmica e endêmica, sempre iremos buscar justificativas para a manutenção da mesma. Neste momento histórico infelizmente os migrantes e refugiados são o bode expiatória da crise. Viver de falsas ilusões não favorece a nada e a ninguém.
5-DESAFIOS E NOVOS HORIZONTES
Que esta crise seja uma “oportunidade para imaginar outros mundos”. Que possibilite reconstruir e reinventar novas relações de fraternidade e de partilha. Que nos possibilitem a rever e a reconstruir estruturas justas e solidarias para todas as pessoas e para todas as formas de vida no Planeta. De modo especial que desperte uma nova consciência ecológica e humanitária para salvar o planeta e para uma vida segura, feliz e com dignidade para todos.
O rosto mais perverso como consequência deste sistema injusto sem dúvidas é a migração forçada de milhões de refugiados e imigrantes que fazem da sua fuga o gesto de resistência e de denúncia mais forte e mais verdadeiro gritando ao mundo que a vida é mais forte que todo tipo de violência, ao mesmo tempo anunciam que a morte não é a última palavra. Sonhamos com um mundo novo possível, justo e solidário para todos e m que a nossa casa comum, o Planeta seja cuidado e no qual tenhamos as condições, recursos e meios necessários para uma vida digna.
O Papa Francisco desde seu primeiro gesto profético, solidário e fraterno de seu pontificado em Lampeduza – Itália chama, e conclama a todos com a seguinte pergunta: Onde está teu irmão? Quem chorou por eles? No início deste ano na abertura do VI Fórum Mundial de Justiça e Paz em Roma na Itália (Processo organizado pela Rede SIMN – Scalabrinianos em parceria com outras diferentes Organizações e Instituições) convida e desafia as Igrejas, Governos, Sociedade Civil Migrantes, Refugiados, Organismos, Instituições… para viver e aprender a conjugar na primeira pessoa do singular e na primeira pessoa do plural a prática os quatro verbos: acolher, proteger, promover e integrar.
Esta campanha quer contribuir para o fortalecimento de uma nova consciência pessoal, comunitária e social para com o cuidado integral ema todas as expressões de vida no planeta onde todos os seres vivos tenham garantido o necessário para viver com dignidade, para que caminhemos com a certeza de que a utopia da cidadania universal é possível e de moldo especial para que possamos entender ver e, sobretudo sentir que o migrante e o refugiado é o lugar teológico por excelência onde Deus se revela.
Agradecemos a todas as pessoas e Instituições comprometidas nesta causa e acreditamos que este pequeno, mas significativo trabalho coletivo é o caminho seguro para grandes mudanças na certeza de que somente juntos podemos solucionar grandes problemas e participando, podemos fortalecer a democracia tão violentada, pisada e ultrajada em nossos dias no mundo e em nosso País.
Que esta nossa campanha envolva a todos e todos nos comprometamos para construir um mundo novo possível, urgente e necessário e que possamos colher frutos de justiça, paz, solidariedade e fraternidade.
“Não me importa chegar tarde, o que me incomoda é chegar sozinho” (Martim Fierro)
Roberto Saraiva, Patrícia Rivarola, Pe. Mário Geremia CS

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