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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Para denunciar o machismo, agricultoras da Borborema na Paraíba marcharão pela nona vez no Dia Internacional da Mulher


Em 2018, o Polo da Borborema e a AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia, realizarão, no dia 08 de março de 2018, a IX Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia, no município de São Sebastião de Lagoa de Roça-PB, distante 16 km de Campina Grande, no Agreste Paraibano. A concentração acontecerá a partir das 8h30, em um palco montado no Campo São Sebastião, no centro da cidade. Neste horário, terá início a animação e a acolhida às centenas de caravanas que trarão mulheres dos 14 municípios de atuação do Polo da Borborema, uma articulação de 14 sindicatos de trabalhadores rurais da região da Borborema na Paraíba que há mais de 20 anos atua pelo fortalecimento da agricultura familiar de base agroecológica com a assessoria da AS-PTA.


São esperadas ainda caravanas de diversas partes da Paraíba e de estados vizinhos, a expectativa é reunir mais de cinco mil agricultoras e lideranças dos mais diversos movimentos sociais rurais e urbanos. A cirandeira Lia de Itamaracá participará pela terceira vez como convidada especial da Marcha. Na programação, haverá ainda a tradicional peça de teatro, encenada pelo Grupo de Teatro do Polo da Borborema, que este ano tratará sobre a diversidade sexual, com a peça “Família é lugar de amor”. Por volta das 9h30h, as mulheres sairão em caminhada pelas ruas centrais da cidade em um trajeto de cerca 1,5km, até retornarem ao palco inicial, onde após um ato público, haverá a mística de encerramento. Durante o percurso da marcha, as mulheres exibirão seus estandartes, faixas e cartazes, ainda irão dialogar com a população distribuindo panfletos e usando o carro de som. Próximo ao palco, estará funcionando uma feira de experiências, artesanato e produtos da agricultura familiar, fruto do trabalho das agricultoras, onde estes serão expostos e comercializados.

Tema mobilizador

Como nos anos anteriores, as mulheres camponesas ocuparão as ruas no dia 8 de março para denunciar a violência contra a mulher, bem como para reafirmar o papel histórico das mulheres agricultoras em seu trabalho na produção de alimentos. No entanto, em sua 9ª edição, a Marcha pretende aprofundar a problemática da onda conservadora que o país enfrenta e de que forma ela recai sobre a vida das mulheres, tratando sobre questões como machismo, homofobia, gênero, feminismo e a divisão justa do trabalho doméstico.

A Marcha chega a sua 9ª edição como uma importante expressão do trabalho que as mulheres do Polo da Borborema vêm desenvolvendo ao longo dos anos de resgate e valorização das experiências das mulheres agricultoras, bem como de denúncia e superação da violência sofrida por elas. Todos os anos, dezenas de reuniões de preparação ocorrem nas comunidades dos 14 municípios. Nestes espaços, as mulheres são encorajadas a falarem das suas experiências e apoiarem uma às outras, questionando as relações de desigualdade dentro da agricultura e identificando as mais variadas formas de violência a que muitas vezes estão submetidas.

Programação:

8h30 – Acolhida as caravanas
9h – Abertura oficial
9h10 – Peça Família é construída com base no amor
9h20- Testemunho
9h30- Saída da caminhada
11h – Apresentação cultural Lia de Itamaracá
12h – Mística de encerramento


Por Áurea Olimpia

GT DE COMUNICAÇÃO DA ASA PARAÍBA SE REÚNE EM PATOS/PB

O grupo de trabalho (GT) de Comunicação da Articulação do Semiárido Paraibano (ASA Paraíba), reuniu-se nesta quinta-feira, 22 de fevereiro, na cidade de Patos-PB, para fazer um balanço do Encontro Regional de Comunicadores Populares, além de informes, orientações, estratégias e preparação de atividades para o primeiro semestre de 2018.

O encontro aconteceu na sede da Ação Social Diocesana de Patos (ASDP) e contou com a participação de comunicadores das entidades que compõem a ASA Paraíba, como o Polo da Borborema, ASPA, SPM NE, CEPSF, AS-PTA, CENTRAC e PATAC.

Os temas pautados foram os 25 anos da ASA Paraíba, encontros preparatórios para a Caravana das Águas e da Agroecologia, o IV Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), II Seminário Estadual das Raças Nativas e o lançamento e treinamento para gerenciamento do novo site da ASA-PB, além de informes em geral.

No término da reunião, alguns encontros foram marcados, tais como o Encontro Regional de preparação para o ENA (ERÊ), nos dias 27 e 28 de fevereiro, em Recife, reunião preparatória para a caravana das águas no PATAC, em Campina Grande-PB e  Processo de Formação em preparação para a Caravana no dia 13 de março, em Sumé-PB.

Fonte: https://www.asaparaiba.org/single-post/2018/02/23/GT-DE-COMUNICA%C3%87%C3%83O-DA-ASA-PARA%C3%8DBA-SE-RE%C3%9ANE-EM-PATOSPB 

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Fórum de Lideranças do Agreste planeja ações para 2018


Nos dias 09 e 10 de fevereiro, cerca de 40 representantes do Fórum de Lideranças do Agreste (Folia), estiveram reunidos em Campina Grande para avaliar o ano de 2017 e planejar suas ações para 2018. O Folia é um fórum territorial que envolve comunidades de 16 municípios do Agreste Paraibano e se articula pelo desenvolvimento da agricultura familiar de base agroecológica no estado. O Fórum é uma das dinâmicas microrregionais da Articulação do Semiárido Paraibano (ASA Paraíba).
A programação teve início com a acolhida aos participantes, entre os quais, também estiveram presentes assessores técnicos de entidades não governamentais e pastorais sociais que assessoram o Folia, como o Serviço Pastoral dos Migrantes do Nordeste (SPM NE), a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Centro de Ação Cultural (Centrac).
Após a acolhida e as apresentações, os presentes se dividiram em grupos de cochicho para debater os desafios da conjuntura atual, marcada pela perda de direitos. Os principais pontos lembrados foram: a redução na política de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER); dificuldade de acesso a crédito por parte das famílias; a intensificação do fechamento das escolas do campo; atrasos no Garantia Safra; o aumento da violência no campo; cortes enormes nos programas como o Bolsa Família, programas de cisternas e os de compras governamentais como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e a falta de políticas de incentivo e apoio ao jovem rural, entre outros pontos.
Os agricultores denunciam a extensão dos cortes nos programas que beneficiam a agricultura familiar, como o PAA, que sofreu uma redução que chega a mais de 90%. “Eles estão cortando aos poucos até chegar em nada”, reclama a agricultora do Assentamento Antônio Eufrozino em Campina Grande, Mônica Cristina de Oliveira Moura. “O que a gente vê é muita desigualdade social no país. Será que dois juízes que são casados vão abrir mão de receber cada um o seu auxílio moradia? Então porque o agricultor tem que escolher entre um benefício como o BPC e o Bolsa Família?”, questiona Fernando Xavier Pereira, de Itabaiana-PB, a respeito do recadastramento do Benefício de Prestação Continuada (BPC) que visa cruzar dados e cortar benefícios, em caso de acúmulo.
Durante o encontro, também foram avaliados o andamento das comissões municipais, que são espaços de articulação locais, onde se discute o trabalho e as ações de convivência com o Semiárido do Fórum. Foram levantados como pontos positivos a mobilização do território para a 7ª Festa Estadual das Sementes da Paixão e a contribuição dos guardiões, os processos de formação e os intercâmbios entre os municípios, as vendas para o PAA e PNAE, mesmo diante dos cortes e o fortalecimento de algumas comissões municipais.
Foram lembrados como pontos negativos a ausência de reuniões em alguns municípios e a dificuldade de reunir pessoas em torno das comissões, a fragilidade do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e Sustentável em alguns municípios e a falta de continuidade dos programas de cisternas. “Os cortes no programas de cisternas tem prejudicado muito os municípios, pois as pessoas estão casando, ficando na comunidade, construindo suas casas e precisam desse apoio para continuar”, destaca a agricultora Solange Araújo, do Sítio Bernardo, em Aroeiras-PB.
As lideranças avaliaram ainda o trabalho a partir de alguns temas mobilizadores como água, sementes de animais e de plantas, mercados e Fundos Rotativos Solidários (FRS)  quando levantaram alguns avanços e desafios para 2018.
As entidades de assessoria Centrac e SPM que atuaram em 2017 e seguem em 2018 como Unidades Gestoras de Programas como o P1+2 e o Cisternas nas Escolas, apresentaram um pouco do que foi o trabalho no ano passado até o momento. A noite foi encerrada com uma síntese e à noite os participantes se confraternizaram em uma festa carnavalesca, ao som de samba e do forró pé-de-serra.
O segundo dia de programação foi dedicado a reflexão sobre o que será prioridade à luz dos desafios e perspectivas para 2018 levantados no dia anterior, com relação ao fortalecimento das comissões municipais e ao processo de formação do Folia. Entre os pontos levantados estão: a discussão sobre o não recebimento das sementes distribuídas pelos governos; fortalecer os Fundos Rotativos Solidários como uma solução para a continuidade do trabalho; trabalhar o tema da violência contra a mulher e da divisão justa do trabalho doméstico; discutir a questão da juventude e o tema da economia solidária dentro do Folia; realizar reuniões das comissões temáticas a cada dois meses; trabalhar o armazenamento de forragem e a preservação das raças nativas. O evento foi finalizado com a definição de uma agenda de atividades territoriais e eventos estaduais e nacionais que terão a representação do Agreste a exemplo do Caravana das Águas e da Agroecologia da Paraíba que ocorre na Paraíba em preparação ao IV Encontro Nacional de Agroecologia (ENA).
Fonte: http://centrac.org.br/2018/02/15/forum-de-liderancas-do-agreste-planeja-acoes-para-2018/

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

ENCONTRO DE FORMAÇÃO DO SPMNE ACONTECE EM JACUMÃ


Ocorreu nos dias 02 e 03 de Fevereiro de 2018, na cidade de Conde/PB, o 1º Encontro de Formação da Equipe do Serviço Pastoral dos Migrantes do Nordeste desse ano de 2018. Estiveram presentes cerca de 30 agentes de pastoral que atuam nas diversas ações da Pastoral, no Agreste, Cariri e litoral Paraibano.

O encontro teve como objetivos e temas centrais a conjuntura atual, avaliação do ano anterior e planejamento das ações para 2018. As atividades foram iniciadas com o almoço no dia 02, e por volta das 14:00 horas, começou a acolhida do grupo no auditório com a mística de abertura. A luz do evangelho de João 1, 19-28, todos e todas foram convidados (as) a partilhar uma reflexão sobre a palavra, que nós direciona a refletir sobre a missão de preparar os caminhos por onde Jesus passa, o que nos permite pensar sobre o que estamos trazendo para os caminhos onde passamos e que contribui para a construção de um mundo melhor de se bem viver, além de se auto-avaliar enquanto ações dentro do SPM NE ao longo de sua caminhada, sobretudo nos dias atuais, sobre os sentidos e modos de ser e se fazer Pastoral.

 
Ao longo da tarde, o tema sobre a conjuntura atual foi abordado, e para isso contamos com a palestra de Alder Júlio Ferreira Calado, professor Doutor em Antropologia e Sociologia da Política pela Universidade de Paris VIII. O debate levantou temas muito importantes para o momento atual em que estamos passando no nosso país, mas também trouxe memórias do que já vivenciamos e conquistamos ao longo da construção da nossa história. Formados em 10 grupos, foram levantados questionamentos para o professor Alder, gerando um debate enriquecedor acerca do tema. Ficou bastante claro nas indagações, que o SPM é essencialmente uma pastoral que busca trabalhar com projetos que são meios e não fim, que na missão o importante está na clareza de que mesmo sendo muitas vezes interrompidos devemos retomar a caminhada. Como está escrito na espiritualidade  Scalabriniana, fundadora da pastoral dos migrantes: “Nossa espiritualidade é a do caminho. Somos desafiados a caminhar lado a lado com Jesus Peregrino, contemplando de forma consciente suas atitudes e gestos de acolhida.“
O dia seguinte foi iniciado com uma mística emocionante conduzida por Amélia com benção e canção especial. Após, seguindo para avaliação e planejamento de ações da entidade, foram organizados grupos a pensarem em projetos, propostas e ações para o ano de 2018, como também foi construída a agenda da instituição para o ano atual.



PROGRAMA CISTERNAS NAS ESCOLAS REALIZA ENCONTRO DE AVALIAÇÃO EM PERNAMBUCO



Entre os dias 05 e 06 de fevereiro, aconteceu o Encontro de Avaliação do Programa Cisternas nas Escolas, no Hotel Canárius D´Gaibú, que fica na cidade de Cabo de Santo Agostinho em Pernambuco. Com o objetivo de avaliar a terceira etapa do Programa Cisternas nas Escolas, como também construir estratégias de enfrentamento ao fechamento das escolas do campo, o encontro contou com diversos momentos de discussão acerca dos temas.
Em relação a importância desses encontros, a monitora pedagógica Maria Amélia (SPMNE), afirma: “Esses encontros de monitoramento avaliação são de grande importância, pois possibilitam uma reconexão entre as unidades executoras do Projeto Cisternas nas Escolas, um momento de dialogar sobre os avanços, desafios e perspectivas para a educação pública de qualidade no contexto das comunidades rurais do Semiárido Brasileiro. Uma oportunidade de partilha das experiências vivenciadas durante as atividades do projeto, desde os processos de mobilização até a construção das tecnologias, para garantir o acesso a água de consumo as escolas do campo e sensibilizar as educadoras e educadores a pensar um modelo de educação que tenha como princípio fundamental a defesa da vida e os direitos do povo do semiárido em viver no campo e do campo, compreendendo a educação contextualizada como o caminho para a construção de uma nova sociedade mais justa e igualitária”.
Para o coordenador Roberto Saraiva, “A ASA Brasil, ao reunir as asas estaduais, promove no Programa das Cisternas nas Escolas, um ambiente favorável para avaliar e discutir temas que são super importantes para o semiárido.  Dentre os temas, o movimento contra o fechamento de escolas do campo e temas importantes como gênero, produção, papel da escola no campo e integração entre os estados para se descobrirem em seus avanços e em suas dificuldades.  Quais os gargalos que se apresentam nesta política pública e quais os caminhos que podemos trilhar na relação com gestores públicos e principalmente com as educadoras e educadores, seu protagonismo e suas lutas. Tendo como tema central, para além da construção da cisterna, a educação contextualizada para o semiárido. Semiárido Vivo, nenhuma escola a menos”! 

Representando o Serviço Pastoral dos Migrantes do Nordeste (SPMNE) estiveram o coordenador Roberto Saraiva e a monitora pedagógica Maria Amélia, como também representantes de instituições de Pernambuco, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Minas Gerais e Ceará.

Juliana Michelle
Comunicadora Popular/SPMNE

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Comunicadores(as) de PE, AL e PB se reúnem para traçar estratégias de uma comunicação popular



A comunicação popular nunca foi tão necessária para o Semiárido, principalmente na atual conjuntura com tantos direitos retirados dos povos do campo. Esse foi o sentimento que comunicadores(as) populares do semiárido de Pernambuco, Alagoas e Paraíba pontuaram durante o Encontro Regional de Comunicação da ASA, que aconteceu em Recife de 29 a 31 de janeiro.
Os/as participantes estiveram reunidos debatendo a situação atual do Brasil e intercambiando estratégias dos territórios no campo do direito à comunicação. Para Tatiane Faustino, comunicadora popular e militante feminista do movimento de mulheres campesinas, o encontro foi importante para fortalecer a rede.
“O encontro regional tem nos fortalecidos enquanto rede Asa, por meio da partilha dos saberes entre os Estados AL, PB,PE, debatendo também sobre resistência e nossos desafios. Resumo que estamos sendo desafiados a resistir trazendo e dando vozes as comunidades, dos povos de terreiros, os movimentos de mulheres, bem como tenhamos reafirmado e sonhado que a revolução no campo deve ser agroecológica numa perspectiva feminista”, disse a comunicadora.
O evento contou com a participação de comunicadoras/res, representantes de comunidades tradicionais, agricultores, jovens e representantes da coordenação executiva da ASA-PE, além da equipe da Assessoria de Comunicação da ASA (AsaCom). O primeiro dia contou com um carrossel das Instalações pedagógicas de cada Estado.
Estas foram pensadas para serem apresentas em cenários construídos coletivamente, trazendo como elementos a realidade da comunicação de cada estado, levando os participantes a entenderem a dinâmica de cada rede de comunicadoras/es. No segundo dia do encontro foi a vez das apresentações das experiências em comunicação popular. No último dia foi realizado um momento para estabelecer as conexões do encontro.

Por Emanuela Marinho - comunicadora da Casa da Mulher do Nordeste (CMN)

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Relato de experiência sobre a visita de Marenilson Batista a agricultora Lita Bezerra

Na última quarta-feira (31/01), dona Lita Bezerra e Seu Luiz, receberam visita na comunidade Serra Velha em Itatuba/PB. Marenilson Batista relatou a visita em sua página pessoal de forma muito especial. Acompanhe:

"Fomos recebidos com sorrisos, abraços, sucos naturais, e belas mangas maduras tiradas com a mão no pé, não resisti. Apresentações feitas. Vieram de Remígio (Marenilson, Diago, Zuca do queijo, Reginaldo e Pequeno), de Gurinhém (Amélia e Ana). 
Lita fez um breve relato da sua história. Amélia falou do papel do Serviço da Pastoral do Migrantes do Nordeste (SPMNe) na animação e assessoria na comunidade. Tbm deu seu testemunho do papel de Lita para experimentar e repassar os conhecimentos entre os agricultores e as agricultoras. É lá fomos para o caminho da felicidade que fica entre as plantas frutíferas, medicinais e ornamentais. Muitas espécies cultivadas com muito carinho. Boas trocas de conhecimento entre os presentes e muitos presentes de mudas de plantas para levarmos para casa. Depois conhecemos o biodigestor, filtro de reuso de água e a fossa feita de pneus. 
O almoço foi cozido com o gás do biodigestor. A comida estava deliciosa! Quero destacar a carne de jaca que é saborosa demais. Voltamos impressionado com a capacidade de Lita e Luiz cuidarem da sua terra. Muito trabalho! Muita determinação! Sonhos realizados pela família! Pode dizer que vi a mãe terra viva. A vida sendo vivida! Gratidão a Amélia(SPM) pela animação! Gratidão a Lita e Luiz por dia cheio de boas energias".


O Serviço Pastoral dos Migrantes do Nordeste agradece a visita e as palavras cheias de alegria direcionadas a essas pessoas que são hoje, parte da família SPMNE. 




















Agricultores e agricultoras de Massaranduba-PB resistem ao fechamento de escolas do campo


Na manhã de-feira (16/01/2018), no município de Massaranduba, Agreste Paraibano, ocorreu uma audiência pública que reuniu educadores, mães e pais agricultores, vereadores, representantes da Secretaria Municipal de Educação, do Ministério Público, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, da Rede de Educação do Campo da Borborema, da Rede de Educação do Semiárido Brasileiro - RESAB, do Comitê Estadual de Educação do Campo e da Articulação do Semiárido Paraibano para discutir a proposta de nucleação das escolas rurais da gestão atual. A nucleação é a junção de duas ou mais escolas em um único prédio, deslocando as crianças do ensino fundamental I – de 4 a 11 anos – de uma comunidade para a outra ou até mesmo para uma escola do centro urbano. Esse processo tem provocado o fechamento várias das escolas rurais. Na Paraíba, dos 85 municípios onde a Articulação do Semiárido Paraibano executou o Programa Cisternas nas Escolas, cerca de 90 escolas já foram fechadas.

Massaranduba faz parte do território de atuação do Polo da Borborema, uma rede de 14 sindicatos de trabalhadores rurais da região. O Polo integra a Articulação do Semiárido Paraibano – ASA Paraíba, que através da parceria com a Articulação no Semiárido Brasileiro – ASA Brasil, e do Ministério do Desenvolvimento Social - MDS, construiu cisternas de 52 mil litros em 19 escolas rurais do município de Massaranduba. As cisternas vêm como uma solução para amenizar o problema da falta de água para o funcionamento das escolas rurais e muitas nem chegaram a ser utilizadas pela comunidade. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município, das 19 escolas beneficiadas no município, oito já foram fechadas.

De acordo com Maria Leônia Soares, presidente do Sindicato, a entidade tem sido procurada por várias comunidades rurais preocupadas com o fechamento de suas escolas. No ano passado, a mobilização da comunidade de Jacu, com o apoio do Sindicato, ASA e Resab, entre outros parceiros, conseguiu evitar o fechamento da Escola João Pequeno da Silva. “É na comunidade que a criança constrói laços com a sua identidade camponesa, que ela tem o primeiro contato com a natureza. Fechar uma escola do campo não é só fechar uma estrutura, é fechar os caminhos para a oportunidade de educação”, afirma Maria Leônia.

Na audiência, após a coordenadora pedagógica de Massaranduba e a Secretária Municipal de Educação, Josilene Silva, apresentaram a proposta de nucleação do município, vários pais e mães se manifestaram, todos contrários à proposta. Maria do Socorro da Silva Diniz é mãe de dois filhos, o mais velho tem sete anos e estuda na Escola Emanuel Bezerra, na comunidade de Cachoeira de Pedra D’água, desde os quatro. Ela contou que, quando criança, estudou na Emanuel Bezerra e destacou a qualidade do ensino ao afirmar que a escola não deixa nada a dever à escola privada na qual seu filho estudou quando morou na capital, João Pessoa. “Me digam como é que uma mãe vai jogar seus filhos pequenos em um ônibus para um lugar distante, para quem está fora, é fácil falar. Eu vou ter que sair com o meu outro filho recém-nascido para ter que levar ele lá na escola, no meio de um sol quente, isso vai nos prejudicar muito”, disse. Outra grande preocupação dos pais e mães é com as estradas do município que não têm manutenção e ficam difíceis de serem transitadas no período de chuva, o que obrigaria crianças já a partir dos três anos e meio de idade a fazer longos e demorados deslocamentos.

A gestão municipal alega a preocupação com a redução no número de matrículas, a segurança das escolas rurais que são alvo de roubos e a quantidade de turmas multisseriadas, quando alunos de séries distintas são ensinados por um mesmo educador na mesma sala de aula.
A professora do curso de Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, Campus Sumé, integrante da Comissão Nacional de Educação do Campo do Ministério da Educação e do Comitê Estadual de Educação do Campo, Maria do Socorro Silva, acompanhou a audiência e lembrou que a gestão precisa ficar atenta ao marco normativo da educação no campo, sobretudo o parágrafo único do artigo 28 da Lei no 9.394, de 1996, (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) que determina que o fechamento de uma escola rural só poderá ser feito após a aprovação da comunidade escolar mediante assinatura em ata.

A professora também rebateu o argumento que as turmas multisseriadas seriam por si só, motivo de precarização do ensino: “O rural é um espaço de baixa densidade demográfica. Portanto, o ensino não pode seguir as mesmas formas de organização que o urbano e nossa legislação permite que façamos isso. Na Finlândia, 30% das turmas são multisseriadas, em Portugal, todas as turmas do campo o são. Qual a diferença deles para nós? Lá o poder público assegurou condições para as famílias permanecerem no campo, garantiu estrutura, formação continuada de professores. Aqui, enquanto universidade, preciso fazer o mea culpa, não fomos capazes de formar educadores e gestores suficientemente preparados para lidar com essas realidades. Não somos contra a nucleação mas, segundo a lei, ela só deve acontecer para os anos finais do ensino fundamental ou para a oferta do ensino médio em parceria com os estados, justamente para evitar que o jovem saia do campo”. Por fim, ela lembrou que não existe uma legislação atual que limite o número mínimo de alunos por turma. 

​​Diante dos apelos das comunidades, a gestão municipal prometeu rever algumas das propostas, porém deve seguir com o seu plano de nucleação, contrariando a vontade da maioria das famílias presentes. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais, junto às famílias, vai denunciar a situação junto ao Ministério Público Federal, para evitar o nucleamento.

24 mil escolas do campo fechadas
No Brasil, desde o ano de 2002, mais de 24 mil escolas do campo foram fechadas. Os dados do Censo Escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), do Ministério da Educação, apontam que, no meio rural, existiam 107.432 escolas em 2002. Já em 2009, o número de estabelecimentos de ensino reduziu para 83.036. 

Fonte: https://www.asaparaiba.org/single-post/2018/01/18/Agricultores-e-agricultoras-de-Massaranduba-PB-resistem-ao-fechamento-de-escolas-do-campo