PESQUISAR

quarta-feira, 11 de novembro de 2009




OLHARES DE ESPERANÇA

UM PERÍODO| 30, 31 de outubro e 01 de novembro de 2009 CLIMA| Quente e seco COMUNIDADES| São Sebastião, São Francisco, Jacaré e Cabatã MUNICÍPIOS| Itatuba e Fagundes UMA REGIÃO| Agreste Paraibano MISSÃO| Visitar famílias marcadas pela Migração Forçada para conhecer a realidade vivida e ajudá-las a encontrar um caminho de transformação MARCAS SOCIAIS| Fome, Falta de água potável para consumo humano, desemprego, saudade de quem foi ou lá está O QUE VIMOS| Negros e brancos, crianças e idosos, homens e mulheres ansiosos pelas políticas públicas que garantam a efetividade de seus direitos LIÇÕES| A esperança não é a última que morre, pois a nossa fé é eterna CERTEZA| Os locais que passamos é uma terra prometida onde pode-se produzir leite e mel.


terça-feira, 10 de novembro de 2009

CASA DE DEUS VII

Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS

Do ponto de vista da piedade popular, falar da Casa de Deus é falar do coração de Jesus. De fato, impressiona a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, não apenas no catolicismo tradicional, mas também nos dias atuais. Basta constatar quantas paróquias ou comunidades são dedicadas a essa devoção, ou ainda os numerosos grupos que se reúnem ao redor do coração de Jesus. As sextas-feiras, em geral, e a primeira sexta-feira do mês, em particular, são testemunhas desse fervor religioso tão arraigado na fé do povo luso-brasileiro.

De onde vem isso? Nem precisaria lembrar que os próprios Evangelhos são os primeiros a salientar a misericórdia e a compaixão do Mestre. Lendo-os, tropeçamos o tempo todo com esse coração aberto e disponível aos que sofrem. A caravana de Jesus nunca atropela que lhe pede socorro. Sempre se detém ao clamor dos indefesos, em contraste mesmo com a atitude dos discípulos. Numerosas passagens podem servir de exemplo: o cego Bartimeu (Mc 10,46-52), a mulher que sofria de fluxo de sangue (Mc 5,25-34), a ressurreição do filho da viúva de Naim (Lc 7,11-17), a mulher adúltera (Jo 8,1-11), a mulher encurvada (Lc 13,10-17), só para citar algumas.

São emblemáticos, especialmente, os episódios do filho pródigo (Lc 15,11-32) e do Bom Samaritano (Lc 10,25-37), onde Jesus faz resplandecer, por um lado, a atenção para com as vítimas da história e, por outro, a imensa alegria do Pai para com aqueles que se decidem retornar a casa. Ternura e carinho de um coração materno transparecem também na hora em que Jesus se despede dos discípulos, durante e após a última ceia, de acordo com os capítulos 13 a 17 do Evangelho de João.

As cartas neotestamentárias dão igualmente testemunho de que o coração de Jesus representa a Casa de Deus. Na Primeira Carta de Pedro, escrita aos “estrangeiros da dispersão”, o autor diz que, diante das perseguições e hostilidades de que são vítimas os que vivem fora da pátria, a união entre eles é a “Casa de Deus”. João, o apóstolo mais próximo do coração de Jesus, resume sua mensagem numa única frase: “Deus é amor” (1Jo, 4,8), lar aberto a todos que o buscam. Quanto às cartas de Paulo, é incontável o número de vezes em que aparece o nome de Jesus Cristo como um coração que se revela caminho para a morada de Deus.

Em síntese, os escritos do Novo Testamento deixam claro que o coração de Jesus é abrigo, compreensão, conforto para os doentes e pecadores, fracos e indefesos, pequenos e abandonados – sem qualquer tipo de discriminação ou preconceito. Aqueles que a sociedade abomina e marginaliza encontram predileção junto ao Mestre. Com isso, Ele revela que o Pai jamais fecha a porta de sua casa ao coração arrependido. Nunca deixa do lado de fora que procura sua face. Há aqui uma distinção fundamental entre o Deus distante do Antigo Testamento e o Deus de Jesus Cristo, tão próximo do coração que é chamado carinhosamente de “Abba = Pai”.

Ao longo da tradição católica, essa referência do Coração de Jesus como refúgio dos aflitos foi ganhando força crescente. De Portugal para o Brasil, ela manteve uma riqueza impressionante de imagens, quadros e expressões devocionais. O Coração de Jesus tem lugar destacado nos templos, sai pelas ruas em procissão e habita um número incalculável de casas. O segredo está em que são os moradores dessas casas e/ou os fiéis dessas práticas que, em verdade, habitam o Coração de Jesus. Este se converte em moradia dos que se sentem abandonados, em porto dos que navegam por mares tempestuosos, em pátria que desterrados.

O Coração de Jesus ganha tremenda popularidade nos meios populares porque nossos povos, não raro, sentem-se estrangeiros no interior do próprio país. Tendo muitas vezes negados os direitos básicos à dignidade do ser humano, buscam no Coração de Jesus uma terra que os acolha como filhos e filhas. Com maior razão ainda isso vale para os que se viram impelidos a deixar a pátria, abandonando a terra sagrada onde estão sepultados seus ancestrais. O Coração de Jesus congrega os imigrantes de todas as raças, línguas e nações, da mesma forma que congrega os sem teto, sem terra e toda a enorme multidão dos “sem”. A devoção ao Bom Jesus ou ao Menino Jesus refletem também a aspiração dos pobres pela segurança e solidez da Casa de Deus.

Mas essa devoção está ligada, ainda, à própria condição do ser humano sobre a face da terra. Como todos caminhamos errantes e estrangeiros sobre uma pátria estranha, o Coração de Jesus se converte numa espécie de ante-sala para a Casa de Deus, pátria definitiva da alma humana, como diz Santo Agostinho. Aliás, Ele mesmo se revela como “caminho, verdade e vida” , ao confortar os discípulos na hora da despedida: “Não se perturbe o vosso coração! Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas” (Jo 14,1-7).

Sancionada lei que cria o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo

O dia 28 de janeiro será dedicado ao combate ao trabalho escravo no Brasil. O projeto de lei aprovado no Senado e na Câmara dos Deputados foi sancionado no final da última semana pelo vice-presidente da República, José Alencar, em Brasília. Junto à data, também será instituída a Semana Nacional de Combate ao Trabalho Escravo.

Em 2004, o dia 28 de janeiro foi marcado pelo assassinato de quatro funcionários do Ministério do Trabalho, três auditores e o motorista, quando apuravam denúncia de trabalho escravo na zona rural de Uma (MG).

José Alencar afirmou que se sentia privilegiado em sancionar a lei de importância história, política e social. “Todos aqueles que atuam para combater o trabalho escravo estão sendo homenageados nesta data”, disse.

Estavam presentes na assinatura da lei, representantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) e da entidade em Minas Gerais, Ministério Público do Trabalho, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e outras organizações que fazem parte da Frente Nacional de Combate ao Trabalho Escravo.

Nos últimos 15 anos, o MTE já resgatou mais de 34.000 pessoas em condições de trabalho degradante ou análoga à escravidão no Brasil. Do total, cerca de 12 mil foram no Pará em fazendas e carvoarias. A Câmara dos Deputados ainda precisa aprovar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC 438/01) que prevê a expropriação de terras em que haja comprovação da prática de trabalho escravo. A matéria está em pauta e pode ser votada ainda este ano.

Fonte: CNBB