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quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Serviço Pastoral dos Migrantes do Nordeste participou na última semana do Encontro das Pastorais Sociais do Nordeste, em Canudos(BA)

O Encontro das Pastorais Sociais do Nordeste reuniu no município de Canudos/Bahia, cerca de setenta pessoas, com representações das pastorais sociais de todos os estados nordestinos. A emoção tomou conta da abertura do encontro, que foi no Memorial de Antônio Conselheiro e aos pés da sua estátua vivenciamos a mística de abertura e espiritualidade relembrando as lutas sociais do nosso país. O Padre José Alberto Gonçalves, da Paróquia Santo Antônio do município, fez memória ao papel histórico de Canudos a falou sobre a importância das romarias: “ A romaria não celebra o massacre, mas a resistência do povo de Canudos. Ela tem sido uma memória contextualizada”, afirmou.



O grupo caminhou em Romaria até o auditório do evento para prosseguimento das atividades do dia. Seguindo a programação, aconteceram as apresentações das caravanas dos regionais. Em seguida, a primeira mesa de discussão foi formada, com o tema “A retomada do Caminho de Construção do Projeto Popular para o Brasil feito pelas Pastorais Sociais do Nordeste, conduzida por Daniel Seidel, representante da executiva das pastorais sociais da CNBB. Daniel apresentou a cronologia das Semanas Sociais Brasileiras e seus frutos, “As lutas vêm a partir de uma demanda social da população, das necessidades concretas. É assim que nascem as semanas sociais brasileiras”, concluiu.


As atividades da tarde foram retomadas com a participação da socióloga e educadora popular, Alzira Medeiros que facilitou a mesa Revisitando Paulo Freire numa Perspectiva Descolonizadora: “O pensamento de Paulo Freire é mais que um legado pedagógico”. 

Para encerrar o primeiro dia de atividades, tivemos a apresentação do Painel 1: Testemunhos: Experiências que atualizam o projeto de Bem viver vivenciado em Canudos, com a partilha das experiências dos Povos Indígenas, Povos Quilombolas, Famílias do Semiárido, Povos de Rua, Pescadores(as)/Ribeirinhos(as), Fundo de Pastos e Juventude Urbana.

Já no dia seguinte, mais dois importantes momentos marcaram a manhã do encontro, a roda de conversa sobre o Movimento Nacional de Fé e Política, mesa formada por Daniel Seidel, Teresinha Toledo, Antônio Lisboa, Tereza Sartório e Pedro Ribeiro, passando um pouco pela origem do movimento, as temáticas de trabalho, os encontros realizados e os desafios enfrentados. Outro momento, foi a partilha sobre os princípios e referências estratégicas da sociedade do BEM VIVER, com a educadora Carolina dos Anjos, do setor de educação da UFPR.
A tarde os regionais se dividiram para discussão de estratégias de incidência e proposição de uma agenda para 2018. No turno da noite, a partir das 19h30, foi destinado um espaço para análise de conjuntura. Todo o encontro que começou na quinta (19) integrou a programação da Romaria de Canudos, que seguiu até o domingo (22), encerrando com a 30ª Romaria de Canudos, momento de registrar e reafirmar o papel de Canudos na história brasileira, como também de reverenciar as vítimas do massacre. A 30ª Romaria de Canudos é organizada pelo Instituto Popular Memorial de Canudos (IPMC) e pela paróquia local. O evento foi concluído com uma alvorada, celebração eucarística e caminhada até o Mirante do Conselheiro.




terça-feira, 24 de outubro de 2017

NOTA PUBLICA DAS PASTORAIS SOCIAS DO CAMPO, SOBRE A PORTARIA 1.129 DO MINISTÉRIO DO TRABALHO SOBRE TRABALHO ESCRAVO

O SERVIÇO PASTORAL DOS MIGRANTES, A CÁRITAS BRASILEIRA, A COMISSÃO PASTORAL DA TERRA E O CONSELHO PASTORAL DOS PESCADORES, vêm a público, manifestar seu repúdio e indignação com a portaria 1.129 do Ministério do Trabalho, que modifica de forma perversa, para atender a bancada ruralista, os critérios que definem o trabalho análogo ou escravo no Brasil, publicada no Diário Oficial da União, no dia 16 de outubro de 2017.

A portaria mencionada, vem estabelecer regras que flexibiliza a caracterização de trabalho escravo, favorecendo assim, uma lista de empresas do campo e do meio urbano, que violam os direitos de trabalhadores e trabalhadoras. Essa postura do Governo, afronta os DIREITOS HUMANOS e o legado do arcabouço legal construído nacional e internacionalmente, ao longo destes anos de redemocratização de nosso país e da América Latina.
Mesmo diante de todas as críticas de entidades nacionais e internacionais e de violar as leis e convenções internacionais das quais o Brasil é signatário e anteriormente, mostrou adesão para salvaguardar direitos dos trabalhadores, o Governo Brasileiro, insiste em não revogar a portaria. Tal iniciativa afronta flagrantemente convenções internacionais e vai na contramão do que prevê o ordenamento jurídico brasileiro, como, por exemplo, o Código Penal.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) afirmou no dia 19 de outubro de 2017, que o governo brasileiro, ao alterar o conceito de trabalho escravo, aprofunda a vulnerabilidade que se encontra os trabalhadores e trabalhadoras, e que essa alteração nas regras, para a fiscalização e de divulgação da lista com o nome de empregadores que pratiquem esse crime ameaça “interromper uma trajetória de sucesso que tornou o Brasil uma referência e um modelo de liderança mundial no combate ao trabalho escravo”.
Diante disso, se faz urgente, que essa portaria seja revogada e soterrada, tendo em vista a violação de diretos que nos são muito caros, e por isso, nos somamos ao Ministério Público Federal e a outras redes que neste momento também, solicitam deste governo, um pouco de equilíbrio e sanidade. Queremos continuar sendo um País de referência no enfrentamento e combate ao trabalho escravo, e em conjunto continuar caminhando pela garantia do acesso de todos aos Diretos Humanos tendo sempre como princípio orientador e basilar a Dignidade da Pessoa Humana.

Fonte: https://spmigrantes.wordpress.com/2017/10/24/nota-publica-das-pastorais-socias-do-campo-sobre-a-portaria-1-129-do-ministerio-do-trabalho-sobre-trabalho-escravo/ 

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Resistência para salvaguardar as sementes crioulas e a democracia


Na inauguração do banco de sementes de Canudos | Foto: Juliana Michelle
“Sempre me senti desafiado a ser exceção”, diz Diógenes, um homem nascido numa pequena comunidade rural no semiárido da Paraíba que, na juventude - como a grande maioria dos jovens deste espaço - migrou para centros urbanos e, um dia, resolveu voltar e permanecer na sua comunidade. “O sistema é todo montado para não sermos agricultores. Quando saímos das comunidades, que são exportadoras de mão de obra, raramente voltamos. Pra voltar, tem que saber o que quer, ter muita fé e ser muito forte. E para se manter aqui é preciso ter altivez de voz e de pensamento”, arremata ele, afirmando que é preciso resistir para enfrentar a lógica predominante: “Se nos movermos pela lógica do capital, deixamos de ser humanos. O sistema é perverso, pesado e bruto”.


O discurso espontâneo de Diógenes Fernandes do Nascimento foi feito na comunidade de Canudos, a 21 quilômetros do centro de Boqueirão, na Paraíba, no dia da inauguração do banco de sementes comunitário e municipal. Talvez, o nome emblemático da comunidade o tenha motivado a falar sobre resistência. Há mais de 200 anos, no Semiárido baiano, uma outra Canudos agrupou milhares de pessoas pobres que resistiram ao poder dominante e explorador e, com base numa organização social justa e solidária, criaram prosperidade no local onde viviam e resistiram, inclusive, aos ataques do exército antes da comunidade ser dizimada.



A resistência presente tanto nas escolhas conscientes de Diógenes, quanto na força do nome da comunidade e na sua história, também é um traço comum entre os visitantes do novo banco de sementes. Os visitantes são, em sua maioria, guardiões e guardiães de sementes da paixão de várias regiões semiáridas da Paraíba que participavam da 7ª Festa Estadual das Sementes da Paixão, realizada de quinta a sábado da semana passada (5 a 7), em Boqueirão.



Guardar, multiplicar e trocar as sementes da paixão é um ato de ousadia muito maior do que se pode imaginar. Quem é guardião e guardiã contribui para ampliar a resistência da agricultura familiar do Semiárido ao poderio econômico e político das empresas de sementes transgênicas e agrotóxicos, como a Syngenta e a Monsanto.



A tarefa é grandiosa e, no cenário atual do Semiárido paraibano, algumas sementes de milho crioulo já foram contaminadas pelas transgênicas que entraram no Semiárido há, mais ou menos dois anos, quando a seca já atingia seu terceiro ano consecutivo e algumas famílias tinham perdido seus estoques. Segundo a Rede de Sementes da ASA Paraíba, a porta de entrada da variedade transgênica foram as lojas de produtos agropecuários e a Conab, que distribuiu milho transgênico para alimentação animal, mas que foi usada para plantio. Além disso, em 2013, a Monsanto instalou uma fábrica no coração da região Semiárida, em Petrolina (PE), um município central para toda a região. Essa fábrica produz sementes transgênicas de milho, soja, algodão, sorgo e cana-de-açúcar.



Uma das estratégias que potencializa – e muito – a proteção da agricultura familiar no Semiárido frente às sementes transgênicas é a articulação entre os bancos de sementes comunitários que foi impulsionada pelo programa Sementes do Semiárido da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). “Com poucos anos de existência, já é o maior programa de sementes crioulas apoiado pelas políticas de Estado no Brasil. Permitiu a constituição de uma grande Rede de Sementes do Semiárido, aglutinando, fortalecendo e ampliando as várias redes de casas e bancos de nove estados que compõem a região”, afirma um trecho da Carta Política da 7ª Festa Estadual das Sementes da Paixão.



Resistir para permanecer na comunidade, resistir para manter vivas as sementes crioulas, resistir aos períodos de estiagem... Para viver no Semiárido é preciso aprender a conjugar a resistência diária. E foi, justamente, esta habilidade que Naidison Quintella, da coordenação executiva da ASA Brasil, se referiu na mesa de encerramento da Festa ao falar do momento político que o Brasil enfrenta. “O momento não é ‘de acabou’. Vamos virar a mesa das políticas que massacram a agricultura familiar. Vamos construir o processo de direitos. Levem com vocês a resistência. Levem com vocês a certeza de que a nossa proposta de uma sociedade justa, inclusiva e livre de transgênicos está viva! Esta festa é um sinal disto”, anunciou Naidison para mais de 800 pessoas que escutavam atentas esse momento do evento que ficou na história da agricultura familiar da Paraíba.


Por Verônica Pragana - Asacom

terça-feira, 10 de outubro de 2017

PASTORAL DO MIGRANTE PROMOVE FORMAÇÃO COM ENFOQUE EM TEMAS DA ATUALIDADE


O município de Fagundes sediou no último sábado (07), o Coletivo de Formação do Serviço Pastoral dos Migrantes do Nordeste, onde cerca de 40 agentes da pastoral e animadores de comunidades rurais do município, reuniram-se para debater temas de grande relevância para o contexto atual da nossa sociedade. 

A programação foi iniciada com o café da manhã no Centro Pastoral São Paulo da Cruz, e em seguida a abertura com uma Celebração da Palavra, coordenada por Shirley Luiz (Presidente do SPMNE) e conduzida com a participação de todo o grupo. 

Em seguida, o momento foi de aprofundamento sobre a Romaria do Migrante, sendo realizado um resgate histórico desde a sua origem até os dias atuais. Também foi debatido em grupos qual o significado da Romaria e qual o sentimento de pertença de cada um em relação a caminhada. Para fechar o momento foi apresentado um vídeo com uma retrospectiva de todas as Romarias do Migrante em Fagundes desde a sua origem no ano de 1995.


Um outro momento da formação, trouxe como tema a Campanha pela Divisão Justa do Trabalho Doméstico, campanha de cunho Nacional, que vem sendo trabalhada em todo Brasil desde o seu lançamento em 21 de setembro deste ano. Amélia Marques conduziu o momento e utilizou uma dinâmica interessante para abordagem inicial do tema. Homens e mulheres foram levados a refletir em quais espaços da casa eles passam mais tempo e quais funções exercem mais, posteriormente aconteceu a divisão de três grupos para dialogar sobre as expressões preconceituosas para com as mulheres que são identificadas facilmente no nosso dia-a-dia, as atividades foram levadas a plenária. A agricultora Lita Bezerra, do município de Itatuba, apresentou um poema, feito especialmente para o tema trabalhado, que dizia:

"Existe um preconceito
Bem desde a criação
Os dois desobedeceram
Mas o que disse Adão
Foi a mulher que me deu
a maça na minha mão.

Porque ele a recebeu? 
E não veio a recusar?
O diálogo é o remédio
Pra o machismo acabar
Homem e mulher são iguais
Pras famílias terem paz
E o amo assim reinar."




Para concluir, a professora, Maritza Ferretti, tratou o tema da nova Lei de Migração – Lei Nº 13.455 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13445.htm) sancionada no dia 25 de maio deste ano. A abordagem, desde a negação dos direitos e criminalização dos migrantes, ao acolhimento e garantia de direitos, assim como a atual situação dos migrantes no Brasil e no mundo, e as conquistas adquiridas através da nova lei. 




segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Guardiões e guardiãs de sementes trocam experiências durante dia de oficinas temáticas nas comunidades rurais de Boqueirão-PB


O segundo dia de programação da 7ª Festa Estadual das Sementes da Paixão teve início com a divisão dos cerca de 200 participantes em seis oficinas temáticas (1 –“Avanços dos transgênicos”; 2 – “Gestão dos Bancos de Sementes”; 3 – “Sementes de Hortaliças”; 4 – “Sementes de animais”; 5 – “Reuso de água”; 6 – “Resgate, multiplicação e conservação das sementes”). Das seis oficinas, quatro foram realizadas em comunidades rurais e duas no local do evento, a Ritz Eventos e Recepções. A programação das oficinas se estendeu até as 16h, com intervalo para almoço nos locais de realização.
A oficina denominada “Definição de estratégias para o enfrentamento do avanço dos transgênicos na Paraíba” foi facilitada pelos representantes do território da Borborema. No primeiro momento da oficina, foi discutida a diferença entre as sementes da paixão (crioulas) e as sementes transgênicas. Para a agricultora Lita Bezerra, do município de Itatuba, a semente da paixão é cultivada com amor, com cuidado e passa de geração em geração: “É uma semente garantida, que a gente sabe que se for plantada, vamos poder colher todo ano. Já a semente transgênica é modificada em laboratório, não tem garantia”, disse Lita. O agricultor Euzébio Cavalcanti, do Polo Sindical da Borborema, apresentou a experiência da Rede de Bancos Comunitários de Sementes da região e algumas dicas sobre o armazenamento das sementes do milho da Paixão.
A oficina “Gestão, organização e Produção dos Bancos de Sementes Comunitários” aconteceu na comunidade de Canudos, em Boqueirão e marcou também a inauguração do Banco de Sementes Comunitário sediado na localidade. Os visitantes foram recebidos por uma banda de música do distrito Marinho, próximo à Canudos. Segundo as lideranças da comunidade como Danilo Paulino, dona Lourdes e o presidente do banco, seu Erasmo Sátiro, uma das aptidões da casa de sementes é justamente a multiplicação das sementes de hortaliças, como alface, coentro e rúcula, que são materiais de difícil reprodução. Houve ainda um debate sobre as conquistas e os desafios enfrentados na organização e gestão dos bancos de sementes.
Na propriedade Rodeamor, de Célia Araújo e Aldo Gonçalves, foi realizada a oficina sobre Raças Nativas. Para conhecer a experiência agroecológica da família, os participantes se dividiram grupos específicos sobre beneficiamento, armazenamento de forragem e manejo de animais e, por fim, manejo da caatinga e do solo para produção de forragem.
As experiências apresentadas pela família destacam a importância de manter a criação de raças nativas e adaptadas ao semiárido como forma de convivência com o bioma caatinga. O beneficiamento e armazenamento de forragem garantem a qualidade e segurança alimentar das criações, fazendo da vegetação nativa, como a gliricídia, jurema preta, quixabeira e palma, a principal fonte proteica para os animais. Com técnicas de manejo dos animais, estocagem e produção de forragem, Célia e Aldo mantém a criação de galinhas de capoeira e caprinos nativos. A produção de queijo e carne de cabra e ovos de capoeira é escoada por meio da Tenda Agroecológica do Cariri, o ponto de comercialização do Coletivo Asa Cariri Oriental – CASACO.
A propriedade de dona Socorro e seu João, no Sítio Bento, em Boqueirão-PB, recebeu a “Oficina de Produção de Sementes de Hortaliças”. A atividade debateu o cultivo, armazenamento e autonomia das mulheres com a comercialização das hortaliças, bem como a segurança alimentar trazida com o consumo deste tipo de alimento. O momento foi facilitado pelo agroecólogo Ranieri Ferreira, do Centro de Organização Popular – Ceop, de Picuí.
A “Oficina Reuso de Água” para produção de sementes foi realizada no Sítio Três Lagoas, em Boqueirão, na propriedade de seu Antônio Agustinho. O agricultor tem dois sistemas de canos e filtragem para reaproveitamento da água das pias e do banho para a produção de hortas: “O máximo que a gente puder plantar e criar da gente mesmo, não vamos ter que gastar. Já quase não vou para o supermercado e pretendo ir o mínimo possível”, avalia o agricultor.
Para complementar a apresentação das experiências em reuso de águas, a da agricultora Solange Araújo, do Sítio Bernardo, Aroeiras falou da sua experimentação em multiplicação de sementes com a água servida: “Eu tenho uma diversidade de mais de 70 plantas, entre hortaliças, medicinais, forrageiras…uma diversidade que eu considero enorme para a minha região. Com o reuso de água, eu pude ampliar e melhorar o meu ‘arredor’ de casa. Penso muito na saúde e na qualidade da alimentação, pois tenho artrose e preciso me alimentar bem”
Em meio a muitos depoimentos emocionados sobre a paixão pelas Sementes Crioulas, a oficina “Resgate, Multiplicação e Conservação das Sementes”, proporcionou aos participantes o acesso às pesquisas realizadas nos territórios do Cariri e Borborema entre os anos de 2010 e 2012, além das reflexões sobre suas próprias sementes. A pesquisa trata sobre as variedades de milho e sobre o ensaio comparativo do feijão macassar e outras espécies, realizado no território da Borborema entre 2015 e 2016. As duas análises comprovaram que as Sementes da Paixão se comportam com melhor desempenho do que as sementes melhoradas distribuídas pelo governo.
Ao final das oficinas, os participantes elencaram aprendizados, desafios e compromissos acerca de cada tema trabalhado e experiência visitada. Entre os principais compromissos, podemos destacar: reivindicar políticas públicas que estimulem e valorizem a produção de sementes e a criação de animais nativos; mapear guardiãs e guardiões de sementes de animais; implementar campos de multiplicação de sementes da paixão; demandar do governo estadual um Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) Sementes; envolver a juventude nos processos de conservação das sementes da paixão; fortalecer ações de comunicação sobre a temática; construir uma unidade estadual em torno de um território livre de transgênicos; fortalecer as pesquisas participativas com sementes da paixão e investir na participação nas feiras agroecológicas.
Encerrando a programação da tarde, houve ainda o lançamento do documentário “Conviver” da Articulação do Semiárido Brasileiro, com depoimentos dos agricultores e agricultoras que contam a história de mudanças de suas vidas a partir da convivência com o Semiárido. Confira pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=FnrHrCh4sJI 

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Atrações culturais e mesa de diálogo abrem a 7ª Festa Estadual das Sementes da Paixão, em Boqueirão – PB

Na noite de ontem, 05 de outubro, foi realizada a cerimônia de abertura da Sétima Festa Estadual das Sementes da Paixão, em Boqueirão-PB, que contou com a ilustre presença e participação dos guardiões e guardiãs de sementes das delegações das sete dinâmicas territoriais da Articulação do Semiárido Paraibano (ASA – PB): Alto Sertão, Médio Sertão, Coletivo, Curimataú, Borborema, Folia e CASACO.
A sétima edição do evento, promovida e realizada pela ASA – PB teve como tema “Fortalecendo a Resistência e Celebrando a Vida no Semiárido” e foi marcada por homenagens, muita poesia e apresentações socioculturais, que garantiram bastante animação aos que se fizeram presentes, com o Trio Balanço do Forró, o grupo de Capoeira Ideal Apoier e a Banda Filarmônica,  Nossa Senhora do Desterro.
A ocasião que teve como finalidade potencializar a valorização da importância do papel das famílias agricultoras e guardiãs das sementes crioulas, vegetais e animais do estado da Paraíba, contou também com a mesa de abertura problematizada pelas questões socioambientais de reafirmação das lutas e novas conquistas para a produção de sementes, com Luciano Silveira, representante da AS-PTA, e pela reflexão pautada nas ameaças dos impactos da seca e a escassez de biodiversidade, com Gabriel Fernandes, da ASPTA Agricultura Familiar e Agroecologia, com relação ao avanço dos transgênicos na Paraíba e o papel das pesquisas em agroecologia no fortalecimento da Rede de Bancos Comunitários de Sementes, que ficou por conta de Amaury Santos, representante da Embrapa Tabuleiros Costeiros – SE.
Foi nítido enxergar a militância, resistência e esperança nas famílias agricultoras guardiãs das sementes da paixão que, movidas pela esperança em dias melhores, lutam pela agricultura familiar e pelo cultivo de alimentos livres de transgênicos e quaisquer malefício para as sociedades. Para a agricultora Ângela Alves, guardiã de sementes do Médio Sertão, é de suma importância a participação da família, da mulher do campo, no processo de cultivo e conservação do bem precioso que são as sementes da paixão.
Texto: Kamylla Salusto
Fotos: Kamylla Salusto e Euzelir Fidelis

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Município de Boqueirão-PB sediará 7ª Festa Estadual das ‘Sementes da Paixão’

A Articulação do Semiárido Paraibano – ASA Paraíba, realizará, nos dias 05, 06 e 07 de outubro, quinta, sexta e sábado, em Boqueirão-PB, a “7ª Festa Estadual das Sementes da Paixão”. A festa tem como tema “Fortalecendo a resistência e celebrando a vida no Semiárido” e acontecerá na Ritz Eventos e Recepções, localizada à Rua Manoel Cosme sobrinho s/n centro Boqueirão, no Centro da cidade.
O evento reunirá 200 pessoas nos dois primeiros dias de programação, que tem início na noite da quinta-feira (5) com uma mesa de abertura, no segundo dia, sexta-feira (6), os participantes se dividirão em seis oficinas temáticas (1 -Transgênicos; 2 - Gestão dos Bancos de Sementes; 3 - Sementes de Hortaliças; 4 - Sementes de animais; 5 - Reuso de água; 6 - Resgate, multiplicação e conservação das sementes), das quais quatro acontecerão em comunidades rurais de Boqueirão-PB. O público é formado por agricultoras e agricultores familiares, assessores técnicos, estudantes e pesquisadores da temática, gestores públicos e outros convidados.



No último dia de programação, no sábado (7), estão sendo esperadas mais de 600 pessoas, com caravanas vindas de diversas partes do estado. Partindo do local do evento, a partir das 8h, sairá uma caminhada pelas ruas centrais da cidade, com depoimentos de guardiões de sementes, passando pelo local onde acontece a feira livre do município, retornando para a Ritz, onde haverá uma feira e um ato público com a presença de representantes de organizações do Semiárido Brasileiro e do Governador do Estado Ricardo Coutinho.

Os objetivos da Festa são valorizar o papel das famílias agricultoras guardiãs das sementes crioulas no estado da Paraíba; Refletir sobre a importância dos Bancos de Sementes Comunitários (BSC) na produção de alimentos e enfrentamento dos períodos de estiagem prolongados; Promover o intercâmbio de experiências agroecológicas de valorização das sementes da paixão; e construir mecanismos para as políticas públicas de sementes no Semiárido Paraibano.

“Sementes da Paixão” foi o nome dado no estado às sementes crioulas ou nativas, cultivadas e conservadas pelas famílias camponesas há várias gerações. Em outros estados do Semiárido Brasileiro estas sementes são conhecidas como “Sementes da Resistência”, “Sementes da Fartura”, entre outros.

HISTÓRICO - A realização das festas estaduais das Sementes da Paixão, desde 2003, tem cumprido um papel estratégico na dinâmica de trabalho das organizações da Articulação do Semiárido Paraibano, se constituindo como um espaço privilegiado de troca de experiências e fortalecimento de uma rede de guardiões e guardiãs de sementes, que atualmente conta com mais de 150 bancos comunitários de sementes e milhares de bancos familiares. Essas iniciativas tem representado uma verdadeira resistência das famílias agricultoras à entrada das sementes transgênicas e às políticas de distribuição de sementes dos governos que se constituem em um entrave ao acesso dos agricultores à sua semente no momento certo de plantar.

SOBRE A ASA – A ASA Paraíba é uma rede de cerca de 300 organizações que trabalham pelo fortalecimento da agricultura familiar de base agroecológica, organizada em sete territórios ou microrregiões da Paraíba (Cariri, Agreste, Borborema, Seridó, Curimataú, Alto e Médio Sertão).

Programação:

Quinta, 05 de outubro

19h – Mesa de abertura
Abertura Oficial da Festa Estadual das Sementes da Paixão
Banda Filarmônica – Nossa Senhora do Desterro e Grupo de Capoeira Ideal
Mística de Abertura: Apresentação dos Territórios e Convidados
Mesa de Abertura
  1. Reafirmação das lutas e novas conquistas para produção de sementes crioulas e articulação da Rede Sementes na Paraíba: Luciano Silveira - ASPTA;
  2. Refletir sobre as seguintes ameaças: Impactos dos anos seguidos de seca e a perda da biodiversidade. O avanço dos transgênicos no estado da Paraíba: Gabriel Fernandes – ASPTA Agricultura Familiar e Agroecologia;
  3. O papel das pesquisas em agroecologia no fortalecimento da Rede de Bancos Comunitários de Sementes: Amaury Santos – Embrapa Tabuleiros Costeiros-SE;
Debate: fala dos guardiões e guardiãs.

21h - Encerramento

Sexta, 06 de outubro

7h – Saída para oficinas nas comunidades rurais
Oficina 1: Definição de estratégias para o enfrentamento do avanço dos Transgênicos na Paraíba.Local: Ritz Casa de Show;
Oficina 2: Gestão, Organização e Produção dos Bancos de Sementes construindo a Política de Sementes no Semiárido. Local: Sítio Canudos;
Oficina 3: Produção de Sementes de Hortaliças. Local: Sítio Bento;
Oficina 4: Manejo da Caatinga e sementes dos animais nativos. Local: Sítio Rodeamor;
Oficina 5: Reuso de água para produção de alimentos e sementes. Local: Sítio Três Lagoas
Oficina 6: Resgate, multiplicação e conservação das Sementes da Paixão. Local: Ritz Casa de Show.
16h – Socialização em plenária dos resultados e cada oficina e exibição do Vídeo da Campanha pela Divisão Justa do Trabalho Doméstico.
20h – Abertura da Feira de Sementes da Paixão
Teatro da Campanha pela Divisão Justa do Trabalho Doméstico.
Troca de sementes, barraca fazendo testes de transgenia e emissão de certificados de livres de transgênicos.
Depoimentos e poesias dos agricultores/as
Forró na feira.

Sábado, 07 de outubro

8h – Acolhida das caravanas
Caminhada e ato público
Fala sobre a ASA e sua trajetória na luta pela conservação da biodiversidade
Depoimentos das famílias guardiãs das Sementes da Paixão
Falas de representantes de organizações do Semiárido Brasileiro
Fala sobre o impacto do Projeto Sementes do Semiárido
Fala do Governador da Paraíba
Benção das sementes
Leitura da Carta Política da Festa e mística de encerramento

13h – Almoço e retorno das caravanas.