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quinta-feira, 27 de junho de 2013

V Caminhada pela Natureza

por Amélia Marques

As comunidades de Uruçu e Serra Catolé realizaram no dia 09 de junho a quinta edição da Caminhada na Natureza “Circuito Uruçu – Serra do Catolé”, o evento contou com a participação de 70 caminhantes; a caminhada tem como objetivo: “promover uma maior interação entre o campo e a cidade, e provocar uma reflexão sobre a importância das famílias camponesas para a sociedade em geral, uma vez que garantam a produção de alimentos presentes na mesa da população brasileira, como também uma alternativa saudável de lazer e esporte para os moradores das comunidades participantes  e visitantes”.

A atividade iniciou às 7h30, o local de partida foi a Escola Anália Arruda, localizada na Comunidade Uruçu,
município de Gurinhém/PB, todos os participantes foram recebidos com um delicioso café da manhã, fizeram as inscrições, entrega de material (Camiseta, Passaporte da Anda Brasil e canecas), em seguida foram repassadas informações dos 07 km de muita beleza natural, diversão e adrenalina, apresentação dos condutores e coordenadores do circuito, logo após foi realizado o alongamento, preparo inicial para aquecimento dos nossos visitantes.

Além de poder apreciar as belezas naturais do meio rural, os caminhantes tiveram a oportunidade de conhecer algumas atividades de geração de renda, trabalhadas nas comunidades, tais como: Criação de Galinhas Alternativas, produtos processados com frutas nativas (licor de jabuticaba e pimenta, doces, cocadas, geleia, tapioca, bolo de milho, caldo de mocotó) e artesanato. São atividades que vem sendo trabalhadas recentemente por famílias de Uruçu e Serra do Catolé, a compra de insumos e o processo de comercialização acontece de forma coletiva, às famílias comercializam para programas governamentais (PNAE e PAA) e também no comércio local.


A caminhada foi bastante tranquila, com muita chuva e com a participação significativa da comunidade. O circuito terminou às 12h com o almoço coletivo na Comunidade Uruçu e carimbo dos passaportes. 

terça-feira, 25 de junho de 2013

Ouvir o clamor que vem das ruas

Nós, bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunidos em Brasília de 19 a 21 de junho, declaramos nossa solidariedade e apoio às manifestações, desde que pacíficas, que têm levado às ruas gente de todas as idades, sobretudo os jovens. Trata-se de um fenômeno que envolve o povo brasileiro e o desperta para uma nova consciência. Requerem atenção e discernimento a fim de que se identifiquem seus valores e limites, sempre em vista à construção da sociedade justa e fraterna que almejamos.

Nascidas de maneira livre e espontânea a partir das redes sociais, as mobilizações questionam a todos nós e atestam que não é possível mais viver num país com tanta desigualdade. Sustentam-se na justa e necessária reivindicação de políticas públicas para todos. Gritam contra a corrupção, a impunidade e a falta de transparência na gestão pública. Denunciam a violência contra a juventude. São, ao mesmo tempo, testemunho de que a solução dos problemas por que passa o povo brasileiro só será possível com participação de todos. Fazem, assim, renascer a esperança quando gritam: “O Gigante acordou!”

Numa sociedade em que as pessoas têm o seu direito negado sobre a condução da própria vida, a presença do povo nas ruas testemunha que é na prática de valores como a solidariedade e o serviço gratuito ao outro que encontramos o sentido do existir. A indiferença e o conformismo levam as pessoas, especialmente os jovens, a desistirem da vida e se constituem em obstáculo à transformação das estruturas que ferem de morte a dignidade humana. As manifestações destes dias mostram que os brasileiros não estão dormindo em “berço esplêndido”.

O direito democrático a manifestações como estas deve ser sempre garantido pelo Estado. De todos espera-se o respeito à paz e à ordem. Nada justifica a violência, a destruição do patrimônio público e privado, o desrespeito e a agressão a pessoas e instituições, o cerceamento à liberdade de ir e vir, de pensar e agir diferente, que devem ser repudiados com veemência. Quando isso ocorre, negam-se os valores inerentes às manifestações, instalando-se uma incoerência corrosiva que leva ao descrédito.

Sejam estas manifestações fortalecimento da participação popular nos destinos de nosso país e prenúncio de novos tempos para todos. Que o clamor do povo seja ouvido!

Sobre todos invocamos a proteção de Nossa Senhora Aparecida e a bênção de Deus, que é justo e santo.

Brasília, 21 de junho de 2013
Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida - Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva
Arcebispo de São Luís - Vice-presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília - Secretário Geral da CNBB

terça-feira, 11 de junho de 2013

SPM Nordeste reúne lideranças comunitárias em Itatuba para apresentação do P1+2

SPM NE apresenta P1+2 em Itatuba. Foto: Sinaldo Luna/SPM NE
Atuando na Paraíba desde o início da década de 90, o Serviço Pastoral dos Migrantes prioriza atividades de educação e mobilização social para a convivência com o semiárido. Em Itatuba, a entidade desenvolve projetos de desenvolvimento local desde 1999. Em parceria com o Governo Federal esses projetos iniciaram-se em 2009 e o mais novo fruto nasce do trabalho em rede da Articulação no Semiárido – ASA Paraíba e deverá beneficiar 99 famílias na zona rural do município. O projeto foi apresentado à Comissão Municipal na manhã da última sexta-feira (07).

Intitulado de Uma Terra e Duas Águas, o projeto, que conta com parceria da Petrobrás, construirá noventa e nove implementações para armazenamento de água de chuva para a produção, que auxiliarão no desenvolvimento de atividades de aproveitamento da terra e utilização da água através de manejos sustentáveis para consumo humano, segurança alimentar, produção, protagonismo juvenil e geração de renda.

O SPM NE reuniu representantes das comunidades rurais e entidades civis da cidade no salão paroquial para apresentação do projeto e renovação da Comissão Municipal.

O Sr. Antônio Maurício, representante da comunidade de Serra Velha, recebeu com alegria as propostas de implementações em sua comunidade, relembrando a chegada da SPM à Serra Velha: “Foi uma coisa muito boa. Na região há fontes naturais, mas a construção de cisternas ajuda porque elas guardam a água para os momentos de falta de chuva”, disse o Sr. Antônio. “A gente tem de aproveitar as oportunidades que vem para a gente progredir”, finalizou.

Serra Velha se juntará a mais nove comunidades rurais da cidade para receberem cisternas-enxurrada, cisternas calçadão, barreiros-trincheira e barragem subterrânea. São elas: Jacaré, Jaty, Mulungu, Tabocas, Bolas, Melancia, Cajá, Jurema e Cipaúba.

Cisterna-Calçadão. Foto: Arquivo/ASACom
As famílias beneficiadas pelo P1+2 serão selecionadas a partir dos seguintes critérios:

• Famílias com acesso à água para consumo humano, a exemplo das cisternas do P1MC (Programa 1 Milhão de Cisternas);
• Mulheres chefes de família;
• Famílias com crianças de 0 a 6 anos de idade;
• Famílias com crianças e adolescentes frequentando a escola;
• Adultos com idade igual ou superior a 65 anos;
• Portadores de necessidades especiais.

Além disso, para ser inscrito no cadastro de seleção, é necessário que a candidato à implementação esteja no cadastro único do pelo Governo Federal, que deve ser solicitado através da Secretaria de Assistência Social do município.

As características de solos, a formação rochosa, a localização, a lógica de produção (agricultura, pecuária, extrativismo) e as formas de manejo também são requisitos observados na escolha das famílias e no tipo de tecnologia que mais se adeque à sua realidade.

O Sr. Severino Rodrigues, avaliou como positiva a reunião: “Foi um momento muito proveitoso e o projeto só tem a trazer benefícios para Jaty e todas as comunidades listadas. Todos aqueles que precisam da terra e da água para geração de renda ficarão animados com o projeto”, disse o representante do Sítio Jaty.

O P1+2 executado pelo SPM Nordeste no agreste paraibano abrangerá ainda as cidades de Ingá e Fagundes, totalizando 288 implementações, sendo 143 cisternas-calçadão, 93 cisternas-enxurrada, 48 barreiros-trincheira e 4 barragens subterrâneas.

As obras serão iniciadas após reunião nas localidades, capacitação das famílias em Gestão de Água para a Produção – GAPA e em Sistemas Simplificados de Manejo de Água – SISMA, além da capacitação voltada aos pedreiros e cisterneiros, oriundos das próprias comunidades e municípios vizinhos.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

A luz sobre a escravidão moderna


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Nos últimos dois anos, a fotógrafa e ativista Lisa Kristine viajou o mundo registrando a dura e inacreditável vida de pessoas que vivem o que podemos chamar de “escravidão moderna”. A fotógrafa, que já trabalha há 28 anos registrando culturas indígenas em mais de 70 países, foi apresentada ao problema pela ONG Free the Slaves (Libertem os Escravos) em 2009. Em uma conversa com o diretor da ONG, Lisa aprendeu sobre a escravidão e, ao fim, sentiu-se envergonhada por sua falta de conhecimento sobre as atrocidades que acontecem em silêncio pelo mundo. Questionou, então: “Se eu não sei, quantas outras pessoas também não sabem?”.


Estima-se que haja, hoje, mais de 27 milhões de pessoas escravizadas. O número é maior que a quantidade de escravos comercializados vindos da África entre os anos de 1450 e 1900. Essa cruel atividade gera um lucro para os senhores de escravos de mais de 13 bilhões de dólares todos os anos.

Famílias inteiras são desfeitas na promessa de um emprego, de educação de qualidade e de melhores oportunidades de vida. Viajam na esperança de encontrar dignidade, mas são forçadas a trabalhar 17 horas diárias sem pagamento e sob ameaças de rígida violência, sem o direito do livre arbítrio.


A fotógrafa contou em sua palestra que enquanto fotografava pessoas trabalhando silenciosamente numa olaria na Índia, expostas a temperatura de 50°C e uma densa nuvem de poeira, sua câmera parou de funcionar diversas vezes. A cada 20 minutos, Lisa corria para o carro para limpar e refrigerar seu equipamento no ar condicionado. Sentada lá dentro, observando aquelas pessoas pensou: “Minha câmera está tendo um tratamento bem melhor que estas pessoas.” Contou também que, ao voltar para os fornos, sentiu uma vontade incontrolável de chorar, mas não pôde porque qualquer demonstração de afeto naquela situação só prejudicaria ainda mais a situação dos escravos.
“No Himalaia, encontrei crianças carregando pedras por milhas abaixo em terrenos montanhosos até caminhões esperando nas estradas. As grandes folhas de ardósia eram mais pesadas do que as crianças que as carregavam, e elas as levavam na cabeça usando correias artesanais de vara, corda e tecido rasgado”, relembra Lisa.
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As muitas histórias contadas e registras por Lisa fazem parte do projeto “Modern Day Slavery”, cujo grande objetivo é lançar uma luz sobre a escravidão. Em campo, Lisa levou imensas velas consigo e, com ajuda do intérprete, transmitiu às pessoas que fotografava o seu objetivo:iluminar suas histórias e sofrimento. Eles sabiam que suas fotografias seriam vistas por todo o mundo.
“Eu realmente acredito que se pudermos olhar uns aos outros como seres humanos companheiros, então irá se tornar muito difícil tolerar atrocidades como a escravidão. Estas fotografias não são de problemas. São de pessoas, pessoas reais, como vocês e eu, e todas merecem os mesmos direitos, dignidade e respeito nas suas vidas."
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segunda-feira, 3 de junho de 2013

"A carne de Cristo está na carne dos refugiados"

Na audiência concedida ao Dicastério para os Migrantes, o Papa denuncia vigorosamente o tráfico de seres humanos e convida cada um a dar a própria contribuição para as pessoas erradicadas à força
Roma, 24 de Maio de 2013 (Zenit.org) Salvatore Cernuzio | 274 visitas

"Uma atividade ignóbil, uma vergonha para as nossas sociedades que se dizem civilizadas". Não existem outras palavras para descrever o fenômeno do “tráfico de pessoas”, segundo o Papa Francisco. O Pontífice não mede palavras à denúncia desta chaga que destrói a “carne de Cristo” e, na Audiência de hoje aos participantes da Plenária do Pontifício Conselho da Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, afirma: “Exploradores e clientes em todos os níveis deveriam fazer um sério exame de consciência diante de si mesmos e diante de Deus”. Ao mesmo tempo, renova o forte apelo da Igreja “para que sejam sempre protegidas a dignidade e a centralidade de toda pessoa, no respeito dos direitos fundamentais”.

A reflexão cheia de indignação do Santo Padre parte da análise do Documento do Dicastério, que “chama a atenção sobre milhões de refugiados, emigrados e apátridas, tocando também a chaga do tráfico de seres humanos, que sempre cada vez mais envolvem crianças, nas piores formas de exploração e recrutados até mesmo nos conflitos armados”.

"Em um mundo onde se fala muito de direitos - diz o Papa - quantas vezes é realmente pisada a dignidade humana!" O dinheiro, no entanto, parece ser o único a ter direitos, porque ele está no controle do mundo de hoje. "Nós - observa com tristeza - vivemos em um mundo, em uma cultura onde impera o fetichismo do dinheiro".

Portanto, Francisco incentiva o Pontifício Conselho "a continuar no caminho do serviço aos irmãos mais pobres e marginalizados", recordando as palavras de Paulo VI no encerramento do Concílio Vaticano II (8 de dezembro de 1965): "Para a Igreja Católica ninguém é um estranho, ninguém é excluído, ninguém está longe".

"De fato somos uma só família humana” comenta o sucessor de Pedro, e “a atenção materna” da Igreja se manifesta “com especial ternura e proximidade com as pessoas forçadas a fugir do próprio país e vive entre desarraigamento e integração”. “A compaixão cristã – acrescenta – este ‘sofrer com’, se expressa antes de mais nada no compromisso de conhecer os eventos que levam a deixar à força a Pátria e, onde é necessário, no dar voz a quem não consegue fazer que se escute o grito de dor e de opressão”.

Neste sentido, o Departamento de Migrantes desenvolve "uma tarefa importante também no sensibilizar as Comunidades cristãs com os irmãos marcados pelas feridas que marcam a sua existência”. Feridas assim tão grandes que não podem ser nem sequer listadas. O Papa nomeia algumas delas: "Violência, abusos de poder, distância da família, eventos traumáticos, fuga da casa, incerteza sobre o futuro em campos de refugiados". Todos os elementos, diz ele, "que desumanizam e devem levar cada cristão e toda a comunidade a uma atenção concreta”.

No entanto, ainda no meio da podridão existe algo que brilha: é “a luz da esperança” que o Sucessor de Pedro convida “a captar nos olhos e no coração dos refugiados e das pessoas erradicas à força”. Esta esperança, “se expressa nas expectativas pelo futuro, na vontade de relações de amizade, no desejo de participar da sociedade que as acolhe, também por meio do aprendizado da língua, do acesso ao trabalho e a educação para as crianças”. Confessa Bergoglio: “Admiro a coragem de quem espera poder gradualmente retomar a vida normal na esperança de que a alegria e o amor voltem a alegrar a sua existência”.

Todos, portanto, "podemos e devemos alimentar essa esperança!" Especialmente aqueles que têm o poder de fazê-lo: governadores, legisladores, a Comunidade Internacional. O Papa exorta-os de fato a colocar em ato “iniciativas e novas abordagens” para tutelar a dignidade dos migrantes diante destas “formas modernas de perseguição, opressão e escravidão”.

"São pessoas humanas", insiste; seres humanos "que precisam de urgente ajuda, mas também e principalmente de compreensão e de bondade". A sua condição, portanto, "não pode deixar indiferentes". Um apelo, portanto, vai também a cada Pastor e Comunidade cristã, que – diz Bergoglio – devem ter especial cuidado do “caminho de fé dos cristãos refugiados e erradicados à força”, por meio de uma pastoral “que respeite as suas tradições e os acompanhe a uma harmoniosa integração nas realidades eclesiais em que vivem”.

O Papa conclui: "Queridos amigos, não se esqueçam da carne de Cristo que está na carne dos refugiados". Em virtude disso, torna-se urgente a responsabilidade do Dicastério de “orientar para novas formas de co-responsabilidade todos os Organismos comprometidos no campo das migrações forçadas”, a fim de “promover respostas concretas de proximidade e de acompanhamento das pessoas, tendo em conta as diversas situações locais”.

fonte: Zenit