PESQUISAR

quinta-feira, 18 de junho de 2009

24ª SEMANA DO MIGRANTE

EXISTE JUSTIÇA PARA TODOS?

Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS.

Mosaico de rostos e olhares, de riso e pranto,
De encontros e desencontros, afã de convivência,

De luzes e sombras e de sofrimentos e tantos,
De fuga e de busca no vaivém da existência.


Existe justiça para todos?

Mosaico de imagens e cores, ruído e melodia,
De culturas e costumes, de sons e expressões,

De sabedorias variadas e variadas utopias,
De raças e povos, de línguas e nações,

Existe justiça para todos?

Mosaico e farturas e sobras, luxo e desperdício,
De nação e renovação, na reciclagem do lixo,

De mansões e favelas, prédios e cortiços,
De cercas e muros, como superar isso!


Existe justiça para todos?

Mosaico de dor e suor, de luta e esperança,
De acolhida e exclusão, falta de sintonia,

Romper fronteiras, agir sem mais tardança,

No horizonte novo de uma nova cidadania!

Existe justiça para todos?

Partir e chegar, começo e recomeço,
Perdidos e solitários, migrantes aos milhões,

Atravessar o deserto, superar tropeços,

Disputando no mercado magros cifrões,

Justiça e paz lograr como preço;

Arrancar e replantar fundas raízes,
Forjar da vida um futuro de dias felizes!


Para todos? Existe Justiça? Existe justiça para todos?
Existe justiça para todos? Existe justiça? Para todos?
Para todos? Existe Justiça? Existe justiça para todos?
Existe justiça para todos? Existe justiça? Para todos?
EXISTE JUSTIÇA PARA TODOS?

Encontro promove discussão sobre a saúde do trabalhador no Agronegócio


O Serviço Pastoral dos Migrantes participou nos dias 13 e 14 de maio, na cidade de João Pessoa, do encontro SÁUDE DO TRABALHADOR NO AGRONEGÓCIO promovido pelo Centro Estadual de Referência a Saúde do Trabalhador.


Nossos Agentes Pastorais Darcy, Roberto e Flávio representaram o SPM PB e participaram de todas as discussões ocorridas no seminário.


O objetivo de nossa participação neste encontro foi compartilhar um pouco de nossa experiência de acompanhamento aos trabalhadores rurais, especialmente os cortadores de cana e mostrar as diversas entidades presentes (Ministério e Secretarias de Saúde, Prefeituras, Min. Trabalho, entre outras) que o modelo de "desenvolvimento" proposto pelo agronegócio é um sistema que é extremamente degradante ao meio ambiente e explorador de nosso povo.


O companheiro Roberto (SPM PB) fala de seu trabalho junto aos cortadores de cana-de-açúcar



Um dos desdobramentos deste seminário foi a criação de um Grupo de Trabalho (GT) que deverá trabalhar na construção de uma pesquisa sobre a saúde do trabalhador rural.Nós do SPM também estamos fazendo parte deste GTque irá pesquisar como anda a saúde de nosso povo, sobretudo os cortadores de cana-de-açúcar.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

MUDANÇAS CLIMÁTICAS


D. Demétrio Valentini


A CNBB, em conjunto com a Misereor, da Alemanha, acaba de realizar um simpósio internacional sobre Mudanças Climáticas e Justiça Social.


A própria realização do simpósio evidencia a gravidade da situação. As duas instituições, promotoras do evento, testemunham a seriedade com que precisamos nos preocupar com os fenômenos relacionados com a vida em nosso planeta. O enfoque do encontro, vinculando situações climáticas com justiça social, denota a indispensável dimensão ética, inerente a todo relacionamento humano com a natureza, da qual fazemos parte, e pela qual precisamos nos sentir responsáveis.


O assunto é muito complexo, pois lida com uma quantidade de dados e situações, que nem de longe conseguimos dominar e esgotar, quando nos defrontamos com o prodígio que é a vida em nosso planeta. Dentro do cosmo, nos sentimos privilegiados, participando da surpreendente complexidade do sistema vital, em que estamos inseridos. Diante dele, a primeira atitude adequada é a da contemplação, do respeito e da admiração, junto com o cuidado pela sua preservação.


Mas é indiscutível que o nosso planeta emite sinais de alerta, que por sua insistência e densidade despertam a consciência ecológica, levando a nos perguntar seriamente pela vinculação das mudanças com a ação humana sobre o planeta.


Esta vinculação se torna mais plausível quando constatamos o aquecimento global em curso, fenômeno que mais preocupa, pois mais traz conseqüências para o sistema vital do planeta.
Um dos fatores que mais possibilita a vida é a adequada temperatura da terra. Para proporcionar esta temperatura, são muito preciosos os gases de efeito estufa, que garantem o calor suficiente para que a vida se propague na terra. Mas quando estes gases aumentam demasiado, provocam conseqüências negativas, advindas do aquecimento exagerado da atmosfera. E aí percebemos com clareza a contribuição da ação humana neste aquecimento exagerado, provocado pela emissão de gases de efeito estufa, provenientes, sobretudo, do uso de combustíveis fósseis e da queima de matas, como acontece no Brasil.


Este aquecimento global pode provocar fenômenos prejudiciais à vida, em proporções que não estamos em condições de mensurar, mas que possuem evidente caráter catastrófico.

Para não achar que estas são fantasias inúteis, é importante constatar algumas situações muito evidentes e preocupantes. A principal delas é o rápido processo de degelo, seja das neves nas altas montanhas, ou das geleiras nos pólos. Isto dá para ver, comparando fotos de um ano para outro.


A rapidez do processo leva a pensar nas inevitáveis conseqüências. A mais evidente é a escassez de água potável, que tem nas geleiras uma fonte muito importante. Muitas regiões dependem da água que desce das geleiras. Se estas acabarem, torna-se inviável a vida e a agricultura em muitas partes do mundo.


Outra conseqüência, mais difícil de visualizar, mas potencialmente mais desastrosa, é o aumento do nível dos mares, por acolherem a água das geleiras, e por se expandirem pela dilatação provocada pelo aumento da temperatura.


Os cientistas se incumbem de fazer os cálculos do tamanho do desastre. Se nos próximos cem anos a temperatura média aumentar em seis graus, o mar subirá um metro, inviabilizando as cidades costeiras. Haveria profundas mudanças climáticas, com enormes desastres ambientais. A floresta amazônica desapareceria, e haveria grandes deslocamentos de regiões climáticas. O café passaria a ser cultivado na Argentina!


De tudo isto, fica uma lição indiscutível e premente: precisamos agir com responsabilidade ambiental. Dotados de capacidade para intervir na natureza, devemos fazê-lo em sintonia com seu processo vital. Esta a vocação humana. Se contribuímos para o desequilíbrio do planeta, somos agora interpelados a colaborar para a recuperação de seu sistema vital, antes que seja tarde demais.