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terça-feira, 29 de novembro de 2011

16ª Romaria do Migrante acontece na Paraíba











No dia 20 de Novembro de 2011 aconteceu, no Município de Fagundes – PB, a 16ª versão da Romaria do Migrante, organizada e promovida pelo Serviço Pastoral dos Migrantes do Nordeste – SPM NE e pela Paróquia São João Batista. Estiveram presentes cerca de três mil pessoas, pertencentes a vários movimentos, pastorais e comunidades da Paróquia de Fagundes, além de municípios vizinhos, do agreste da Paraíba. Inspirados pelo tema “Com Cristo Rei, conquistando direitos e celebrando a vida”, estivemos reunidos, rezando, catando e refletindo sobre as causas da migração forçada e as formas de resistência que o povo reinventa em sua criatividade secular, a exemplo da convivência com a região semiárida. 


 A Romaria acontece como expressão, vontade e compromisso das comunidades nas quais o SPM Nordeste tem realizado seus trabalhos. A cada ano, os migrantes, quando indagados sobre a continuidade deste movimento, confirmam o desejo de caminhar pelas ruas da cidade de Fagundes, rumo à Pedra de Santo Antônio e, com isto, relembrar os parentes distantes fisicamente, mas presentes, cotidianamente, nas lembranças e nos corações. Nas palavras de um agricultor, seu Antônio, “A Romaria é um lugar aonde a gente vem, reencontra os amigos e recorda na memória aqueles que mesmo distantes, não se deixam esquecer”. É também, espaço de denúncia do trabalho escravo e da migração forçada, e oportunidade de postular e exigir, na origem, políticas públicas que assegurem o direito dos que desejam ficar, resistir e viver dignamente.




A Romaria intenciona dar continuidade e aprofundar as reflexões advindas da Semana do Migrante, relembrando que todos e todas somos filhos e filhas de Deus, cidadãos e cidadãs, sujeitos de direito. Neste ano, antecederam à realização da 16ª Romaria do Migrante, momentos de encontros e formação com as lideranças das comunidades do município de Fagundes, culminando com a visita a algumas das cisternas destinadas à água de beber, construídas pelo SPM e com a celebração da palavra, motivando as famílias para a caminhada.

A cada ano os romeiros se reúnem em frente à Igreja Matriz para, às 06h da manhã, dar início à celebração, com a apresentação e acolhida às comunidades presentes. A partir da celebração de envio, todos se dirigiram em caminhada para a Pedra de Santo Antônio, em um percurso de 04 km, aproximadamente. No itinerário foram organizadas 03 (três) paradas, através das quais se refletiu sobre “Por que Cristo Rei”? Este momento, organizado pela Comunidade de Itatuba - PB, contou com a participação de Pe. Alceu Bernardi, que veio de São Paulo especialmente para participar da Romaria. Na ocasião refletiu-se sobre a missão profética e revolucionária de um Deus que caminha conosco e nos inspira na construção de um Reino de paz, justiça e amor. Na 2ª parada indagou-se sobre “Quais são os nossos direitos”? Para tanto, Maciel Cover, estudante da UFCG, apresentou dados desafiadores quando contextualizou a vida dos trabalhadores – homens e mulheres – migrantes inseridos no contexto do corte de cana de açúcar. Neste sentido, pediu que a caminhada fosse uma oportunidade de trazer à tona a vida e a existência destes trabalhadores. Ainda neste intento, reforçou-se a necessidade de continuarmos mobilizados pelo cumprimento dos direitos e pela construção de políticas públicas para todos. Na 3ª parada, refletiu-se sobre “Como a vida pode ser celebrada”. A comunidade de Fagundes expressou a íntima relação entre a celebração da vida e o acesso a direitos, evidenciando que é através da vida digna de seu povo que Deus se realiza.

Com a chegada a Pedra de Santo Antônio, cansados pelo sol forte e pela sinuosidade do percurso, mas com o coração em festa, participamos do encerramento da celebração, com a benção da água e dos pães, que foram distribuídos como gesto concreto de partilha e compromisso de luta no enfretamento da desigualdade e da fome, para que todos tenham vida e vida em abundância.


 Mais uma vez os migrantes, ao colocar na pequena capelinha o quadro com o cartaz da 16ª Romaria do Migrante, como força viva de resistência e esperança, nos desafiaram em prosseguir, ensinando que, com fé e coragem a vida vale à pena, tudo se faz novo e caminhar é preciso. Como afirma o poeta, “que a vida seja melhor, bem melhor e será!”.

Que o Deus da Vida guie os nossos passos, apesar da rudeza do caminho.


Verônica Pessoa da Silva
Pastoral dos Migrantes

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