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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

ALDEIA TRÊS RIOS: Os Potiguaras de Marcação celebram oito anos de Bem Viver!


Por Roberto Saraiva

O povo Potiguara nas cidades de Rio Tinto, Marcação e Baia da Traição, comemoraram no dia 04 de agosto de 2011, com a Festa de oito anos da retomada, onde demarcou uma nova caminhada em suas terras, em busca do Bem Viver.  Neste momento se celebrou com as lideranças, os aliados e as 32 aldeias dos quatro cantos do povo Potiguara.

As retomadas de terra têm sido o mais eficiente instrumento de pressão dos povos indígenas no Brasil para que seus direitos sejam respeitados, essas ações só acontecem quando o Estado brasileiro não dão conta de responderem as demandas apontadas pelos povos, e quando, quase todas as solicitações foram negadas ou engavetadas pelos órgãos governamentais e muitas vezes do judiciário, essas lutas dão a visibilidade e alcançam muitas vezes o objetivo de verem acelerados os processos em torno da regularização fundiária de seus territórios, por isso a primeira retomada leva a outra, que leva a outra até que se consolidem a reocupação territorial. É evidente que essas atividades, levam ao acirramento da tensão entre fazendeiros, usineiros e índios. “O conflito se intensifica mais o povo não pode se intimidar com essa situação, pois está em jogo à luta pela vida, pela sobrevivência do meu povo, assim fala capitão Potiguara”, uma das figuras s importantes do grupo de lideranças do povo Potiguara na Baia da Traição Paraíba.

Já o cacique Bel da aldeia TRÊS RIOS diz: “Eu não vou dizer que não tenho medo, mas não poderia ficar de braços cruzados vendo os usineiros matando a nossa mãe terra e conseqüentemente nossa vida,”. Esse foi o depoimento do cacique Bel há oito anos na ocasião da retomada desta terra.

O relato das transformações na paisagem aparece em várias falas das lideranças, sempre animado o cacique Aníbal diz que hoje a terra em Três Rios pode respirar, porque “arrancamos mais de 6 mil hectares de cana e plantamos diversas outras culturas no lugar, o que antes era um mar de cana da usina passou a ser espaço de 150 famílias que vivem da agricultura familiar e da pesca artesanal.”

Evidentemente que a vitória não é apenas desses caciques, é uma vitória do povo que entendeu e foram em busca dos seus direitos com suas lideranças. Ter presenciado a retomada há oito anos trouxe para todos nós um ensinamento muito prazeroso, nos permiti enxergar as mudanças paulatinamente, e os elementos do bem viver, a solidariedade entre as famílias, o respeito a terra, a valorização da agricultura familiar diversificada e a libertação das famílias diante da usina, isso é sem sombra de dúvidas incomensurável. Não podemos negar que ainda existe muita terra Potiguara nas mãos dos donos de usinas, mas podemos afirmar que esse domínio começa encontrar o seu declínio e o povo organizado tem mostrado força na travessia para a libertação.

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