A citação acima foi a frase ou ensinamento apontado por Maria Amélia da Silva Técnica Ambiental (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Paraíba - IFPB) que estagiou no projeto de Educação Ambiental e Recuperação de Áreas Degradas "Preservar e Produzir" e este período de aprendizado no SPM NE tornou-se tema de seu trabalho de conclusão de curso.
Acompanhem abaixo a conversa que tivemos Amélia da Silva sobre sua participação no projeto, seu trabalho de conclusão de curso e seus aprendizados no SPM NE.
SPM NE : Qual o
tema de trabalho? Fale um pouco sobre ele.
Amélia da Silva: O título é: REFLORESTAMENTO
DO BIOMA MATA ATLÂNTICA NO LITORAL SUL PARAIBANO. O trabalho faz um breve
histórico às atuais condições ambientais da Mata Atlântica no território
brasileiro, inclusive na Paraíba e sobre as atividades realizadas pelo Projeto
Preservar e Produzir em Assentamentos Rurais dos municípios de Pitimbu e
Caaporã/PB, através do desenvolvimento da Educação Ambiental, com a implantação
de Sistemas Agroflorestais – SAF’s, cultivo de horta orgânica, distribuição de
mudas e seminários técnicos com jovens e docentes da rede pública municipal.
Tendo como objetivo principal recuperar as áreas desmatadas da região e
garantir a sustentabilidade sócio-econômica e ambiental a partir de práticas
agroecológicas e tecnologias alternativas.
Amélia da Silva: Surgiu a partir da
área de atuação do Preservar e Produzir: recuperação de áreas degradadas
através da Educação Ambiental e da implantação de práticas agroecológicas em
comunidades de agricultores familiares, uma vez que é a minha área de interesse
profissional, como também por se tratar de ações com um grupo social semelhante
a minha origem.
Como
faço parte de uma comunidade rural assistida pelo SPM NE, desde 2001, há uma
ótima relação estabelecida com a instituição, e como sabia da existência do
projeto solicitei a coordenação uma oportunidade de estágio, uma vez que área
de atuação do projeto correspondia fortemente com a minha área de formação
técnica, o Meio Ambiente. A solicitação foi atendida na mesma hora.
SPM NE: Qual foi a
reação da comunidade acadêmica (teus professores e amigos) ao entrar no
projeto?
Amélia da Silva: Foi de completa
surpresa, pois há uma tendência dos alunos do curso Técnico em Meio Ambiente
buscarem estágio no Mercado formal de trabalho, ou seja, em empresas,
indústrias, até mesmo porque o próprio Instituto mantém convênios quase só com
essas empresas, pois a única ONG conveniada ao IFPB, até agora, é o SPM NE,
sendo este ocorrido por meio do estágio realizado. Com isso o trabalho
tornou-se um diferencial dentro da instituição quando comparado aos demais, uma
vez que foi além do núcleo urbano e dos estabelecimentos privados, além do
grupo social beneficiado, que geralmente não interessa a maioria estudantes.
SPM NE: E por qual
motivo você escolheu estagiar numa ONG?
Amélia da Silva: Primeiro porque pela
hierarquia do mercado formal, a do “eu mando, você obedece”, onde os
conhecimentos técnicos do estagiário não interessa a empresa, Segundo,
devido ao fato de que as questões ambientais dentro de uma empresa geralmente
só existe na teoria (no papel), na prática elas não se aplicam, o que foi comprovado
em recente pesquisa realizada em Cabedelo-PB por meio do IFPB em parceria com
CNPq, da qual eu fiz parte, onde todas as empresas entrevistadas tem
licenciamento ambiental, mas a maioria não atendem as exigências básicas para
obtenção do mesmo. E por último, os estagiários destas empresas em geral,
desempenham funções que não correspondem a sua área de formação, ou seja, lhe
atribuem qualquer função menos ao setor ambiental do empreendimento.
Amélia da Silva: São vários: Conhecimento
mais profundo das espécies nativas da região, e do cultivo e manejos adequados a implantação dos SAF’s, sua complexidade e a importância do uso dessa
tecnologia para a recuperação da Mata Atlântica de modo que não comprometa a sustentabilidade
econômica dos agricultores familiares; ampliação dos conhecimentos relacionados
a agroecologia; a importância do trabalho em equipe, de maneira justa,
organizada e solidária, para garantir o bom desenvolvimento da ações propostas;
o respeito a cultura e costumes dos grupos de interesse entre outros, entre
outros.
SPM NE: Quais eram
as tuas responsabilidades no Preservar e Produzir?
Amélia da Silva: Acompanhar e
assistir todas as atividades do projeto, dando ênfase a implantação SAF’s. Incluindo:
Assistência técnica aos agricultores; planejamento e execução dos SAF’s junto a
equipe técnica, acompanhar e assistir os
seminários técnicos e as atividades da
horta orgânica, realizar o cadastramento dos beneficiários para a distribuição
de mudas e elaborar relatório das ações desenvolvidas.
Amélia da Silva: Positivos: Discute
os aspectos ambientais da região considerando os aspectos sociais, culturais e
econômicos; Estimula a conscientização ambiental por adesão voluntária; Considera
os conhecimentos populares; Utiliza uma metodologia do “com”, onde todas as
ações são planejadas e discutidas com os beneficiários do projeto, viabilizando
sua aceitação; busca e cria tecnologias alternativas para a sustentabilidade
das atividades agrícolas.
Negativos: Equipe técnica reduzida, inviabilizando o
monitoramento e manutenção contínuo das áreas reflorestadas; e a sua
insustentabilidade financeira, que ocasiona longos períodos de cessão das
atividades do projeto e até mesmo a sua continuidade.
SPM NE: Você acha
que o trabalho do SPM NE no litoral sul tem contribuído para diminuir os motivos
da migração forçada?
Amélia da Silva: Eu acredito que sim,
pois a partir do momento que se desenvolve ações que buscam melhorar as
condições de vida no campo, como as atividades do Preservar e Produzir,
evita-se esse tipo de migração, o que pode ser observado nos depoimentos dos
próprios moradores da região, que apesar das dificuldades que ainda existem no
que se refere as atividades agrícolas não cogitam a idéia deixar a região.
SPM NE: Após esta
apresentação e conclusão do curso quais serão os próximos passos profissionais?
Amélia da Silva: A conclusão da
Graduação em Ecologia e ir em busca de trabalho, gostaria muito de continuar no
projeto, mas a distância da cidade onde estudo (Rio Tinto) para a área de
atuação do projeto não permite. Mas pretendo levar a experiência para outras
regiões do estado, pois acredito que o desenvolvimento desse tipo de ação
possibilita a sustentabilidade sócio-econômica e ambiental no campo.
PALAVRA FINAL: Leia o relatório completo, aqui.
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