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segunda-feira, 19 de março de 2012

SPM NE é tema de trabalho acadêmico


"INVESTIR NA AGROECOLOGIA É GARANTIR O FUTURO DE MEUS FILHOS E DOS MEUS NETOS" 
(Iolanda - Capim de Cheiro)

A citação acima foi a frase ou ensinamento apontado por Maria Amélia da Silva Técnica Ambiental (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Paraíba - IFPB) que estagiou no projeto de Educação Ambiental e Recuperação de Áreas Degradas "Preservar e Produzir" e este período de aprendizado no SPM NE tornou-se tema de seu trabalho de conclusão de curso.
Acompanhem abaixo a conversa que tivemos Amélia da Silva sobre sua participação no projeto, seu trabalho de conclusão de curso e seus aprendizados no SPM NE. 


SPM NE : Qual o tema de trabalho? Fale um pouco sobre ele.
Amélia da Silva: O título é: REFLORESTAMENTO DO BIOMA MATA ATLÂNTICA NO LITORAL SUL PARAIBANO. O trabalho faz um breve histórico às atuais condições ambientais da Mata Atlântica no território brasileiro, inclusive na Paraíba e sobre as atividades realizadas pelo Projeto Preservar e Produzir em Assentamentos Rurais dos municípios de Pitimbu e Caaporã/PB, através do desenvolvimento da Educação Ambiental, com a implantação de Sistemas Agroflorestais – SAF’s, cultivo de horta orgânica, distribuição de mudas e seminários técnicos com jovens e docentes da rede pública municipal. Tendo como objetivo principal recuperar as áreas desmatadas da região e garantir a sustentabilidade sócio-econômica e ambiental a partir de práticas agroecológicas e tecnologias alternativas.

SPM NE: Qual a motivação para trabalhar no projeto? E como foi a tua chegada no projeto?
Amélia da Silva: Surgiu a partir da área de atuação do Preservar e Produzir:  recuperação de áreas degradadas através da Educação Ambiental e da implantação de práticas agroecológicas em comunidades de agricultores familiares, uma vez que é a minha área de interesse profissional, como também por se tratar de ações com um grupo social semelhante a minha origem.
Como faço parte de uma comunidade rural assistida pelo SPM NE, desde 2001, há uma ótima relação estabelecida com a instituição, e como sabia da existência do projeto solicitei a coordenação uma oportunidade de estágio, uma vez que área de atuação do projeto correspondia fortemente com a minha área de formação técnica, o Meio Ambiente. A solicitação foi atendida na mesma hora.

SPM NE: Qual foi a reação da comunidade acadêmica (teus professores e amigos) ao entrar no projeto?
Amélia da Silva: Foi de completa surpresa, pois há uma tendência dos alunos do curso Técnico em Meio Ambiente buscarem estágio no Mercado formal de trabalho, ou seja, em empresas, indústrias, até mesmo porque o próprio Instituto mantém convênios quase só com essas empresas, pois a única ONG conveniada ao IFPB, até agora, é o SPM NE, sendo este ocorrido por meio do estágio realizado. Com isso o trabalho tornou-se um diferencial dentro da instituição quando comparado aos demais, uma vez que foi além do núcleo urbano e dos estabelecimentos privados, além do grupo social beneficiado, que geralmente não interessa a maioria estudantes.

SPM NE: E por qual motivo você escolheu estagiar numa ONG?
Amélia da Silva: Primeiro porque pela hierarquia do mercado formal, a do “eu mando, você obedece”, onde os conhecimentos técnicos do estagiário não interessa a empresa, Segundo, devido ao fato de que as questões ambientais dentro de uma empresa geralmente só existe na teoria (no papel), na prática elas não se aplicam, o que foi comprovado em recente pesquisa realizada em Cabedelo-PB por meio do IFPB em parceria com CNPq, da qual eu fiz parte, onde todas as empresas entrevistadas tem licenciamento ambiental, mas a maioria não atendem as exigências básicas para obtenção do mesmo. E por último, os estagiários destas empresas em geral, desempenham funções que não correspondem a sua área de formação, ou seja, lhe atribuem qualquer função menos ao setor ambiental do empreendimento.

SPM NE: Quais os aprendizados adquiridos?
Amélia da Silva: São vários: Conhecimento mais profundo das espécies nativas da região, e do cultivo e manejos adequados a implantação dos SAF’s, sua complexidade e a importância do uso dessa tecnologia para a recuperação da Mata Atlântica de modo que não comprometa a sustentabilidade econômica dos agricultores familiares; ampliação dos conhecimentos relacionados a agroecologia; a importância do trabalho em equipe, de maneira justa, organizada e solidária, para garantir o bom desenvolvimento da ações propostas; o respeito a cultura e costumes dos grupos de interesse entre outros, entre outros.

SPM NE: Quais eram as tuas responsabilidades no Preservar e Produzir?
Amélia da Silva: Acompanhar e assistir todas as atividades do projeto, dando ênfase a implantação SAF’s. Incluindo: Assistência técnica aos agricultores; planejamento e execução dos SAF’s junto a equipe técnica,  acompanhar e assistir os seminários técnicos  e as atividades da horta orgânica, realizar o cadastramento dos beneficiários para a distribuição de mudas e elaborar relatório das ações desenvolvidas.

 SPM NE: Em sua avaliação quais eram os pontos positivos e negativos do projeto?
Amélia da Silva: Positivos: Discute os aspectos ambientais da região considerando os aspectos sociais, culturais e econômicos; Estimula a conscientização ambiental por adesão voluntária; Considera os conhecimentos populares; Utiliza uma metodologia do “com”, onde todas as ações são planejadas e discutidas com os beneficiários do projeto, viabilizando sua aceitação; busca e cria tecnologias alternativas para a sustentabilidade das atividades agrícolas.
Negativos: Equipe técnica reduzida, inviabilizando o monitoramento e manutenção contínuo das áreas reflorestadas; e a sua insustentabilidade financeira, que ocasiona longos períodos de cessão das atividades do projeto e até mesmo a sua continuidade.

SPM NE: Você acha que o trabalho do SPM NE no litoral sul tem contribuído para diminuir os motivos da migração forçada?
Amélia da Silva: Eu acredito que sim, pois a partir do momento que se desenvolve ações que buscam melhorar as condições de vida no campo, como as atividades do Preservar e Produzir, evita-se esse tipo de migração, o que pode ser observado nos depoimentos dos próprios moradores da região, que apesar das dificuldades que ainda existem no que se refere as atividades agrícolas não cogitam a idéia deixar a região.

SPM NE: Após esta apresentação e conclusão do curso quais serão os próximos passos profissionais?
Amélia da Silva: A conclusão da Graduação em Ecologia e ir em busca de trabalho, gostaria muito de continuar no projeto, mas a distância da cidade onde estudo (Rio Tinto) para a área de atuação do projeto não permite. Mas pretendo levar a experiência para outras regiões do estado, pois acredito que o desenvolvimento desse tipo de ação possibilita a sustentabilidade sócio-econômica e ambiental no campo.

PALAVRA FINAL: Leia o relatório completo, aqui.

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