PESQUISAR

segunda-feira, 21 de maio de 2012

4ª Caminhada na Natureza

Manifesto da ASA PB sobre a seca


 A Articulação no Semiárido Paraibano – ASA PB é um espaço de articulação política estadual da sociedade civil organizada, no Semiárido paraibano, formada por ONG’s, Associações, Cooperativas, Sindicatos, Pastorais Sociais e Entidades de Agricultores e de assessoria aos agricultores. A ASA se fundamenta no compromisso com as necessidades, potencialidades e interesses das populações locais, em especial os agricultores e agricultoras familiares, baseado na conservação, uso sustentável e recomposição ambiental dos recursos naturais do Semiárido e na quebra do monopólio de acesso à terra, à água e a outros meios de produção. Como processo metodológico de formação, as organizações da ASA Paraíba têm buscado resgatar e valorizar o saber popular, como ponto de partida para qualquer transformação social duradoura e sustentável. Os intercâmbios de conhecimentos entre agricultores(as), as sistematizações e divulgação de experiências, as mobilizações sociais, são algumas atividades estratégicas que compõem a metodologia participativa de formação. A ASA Paraíba está presente em todas as regiões do semiárido paraibano e articula-se numa grande rede nacional denominada Articulação no Semiárido Brasileiro – ASA BRASIL. Em 20 anos de história vem mobilizando agricultores familiares, propondo e executando políticas de convivência com o semiárido, por meio da implementação de tecnologias sociais, de baixo custo e alto poder de difusão. Essas tecnologias são construídas nas pequenas propriedades, inclusive naquelas de difícil acesso. Na Paraíba já são 55 mil cisternas, com capacidade de armazenamento descentralizado de mais de oitocentos e oitenta milhões de litros de água de beber, efetivadas através do Programa de Formação e Mobilização Social Para a Convivência com o Semiárido - Um Milhão de Cisternas (P1MC) e de outras iniciativas, com recurso público e privado, nacional e internacional. Em preços de hoje, aportamos nas comunidades, só com as cisternas de água de beber, o equivalente a R$110.000.000,00 (cento e dez milhões de reais). Soma-se a isso, o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), com centenas de cisternas para apoio à produção de alimentos, os Bancos Comunitários de Sementes, os Fundos Rotativos Solidários, entre outras iniciativas que fortalecem o saber popular, que respeita o meio ambiente e amplia tecnologias simples de estocagem de água, de sementes, de forragem, de alimento e, sobretudo, de conhecimento. Dessa forma, a ASA promove a partilha no lugar da concentração, disseminando as pequenas obras em contrapartida aos projetos faraônicos, valorizando o camponês enquanto sujeito protagonista, portador de direitos, responsável por sua própria libertação, desencadeando outro tipo de desenvolvimento, sustentado e sustentável, que tem por fundamento a participação, a organização, a educação e o empoderamento das pessoas.
Iniciativas como essas, aliadas a algumas políticas de distribuição de renda, têm possibilitado a diminuição dos índices de migração do campo para as cidades, bem como têm permitido com que, apesar da forte seca, ainda não tenhamos visto acontecer nenhum saque famélico. Mas, mesmo a seca sendo um fenômeno natural, com o qual é preciso se adaptar e conviver e não combater, a sede, humana e animal, já é uma triste realidade, agravada pelo descaso dos governantes, que sabiam que a estiagem desse ano seria mais forte. Mesmo assim, nos últimos três anos, nenhuma das 4.550 cisternas, liberadas pelo Ministério de Desenvolvimento Social – MDS, para o Governo do Estado da Paraíba, foi construída. Tampouco foram recuperados os açudes comunitários e pequenas barragens que se romperam. Também nada de Reforma Agrária, pois nos últimos anos as desapropriações de terra para esse fim na Paraíba se deram apenas para conter conflitos e foram feitas pelo governo federal. Nada de implementar a Lei Estadual das Sementes, que tem sido subvertida.

Bons de discurso e lentos na efetivação das políticas, redundantemente chamadas de públicas, os governos seguem subsidiando a permanência e a sobrevida da famigerada indústria da seca que, em ano eleitoral, mais uma vez trocará votos por água, necessidade básica do ser humano. A mesma água, fonte de vida, que todos dizemos tratar-se de dom de Deus e direito de todos! Assim, nossos governos, perpetuam a via-crúcis sertaneja.

Essa triste realidade exige dos governos, nos 3 níveis, medidas emergenciais e estruturantes junto aos agricultores familiares.

Emergenciais, como: abastecimento imediato e gratuito, com água potável, das cisternas já construídas; revitalização das cacimbas e barreiros; instalação e recuperação de dessalinizadores; perfuração, recuperação e instalação de poços; liberação de crédito aos pequenos agricultores; pagamento do seguro safra; liberação gratuita de ração animal.

Estruturantes, como: continuidade e fortalecimento dos programas que visam implementar tecnologias sociais, sobretudo cisternas, para água de beber e produzir; recuperação dos açudes comunitários que se romperam nos últimos anos; estruturação das pequenas propriedades com equipamentos adequados à agricultura familiar; retomada de programas que foram inexplicavelmente parados, como PAA e PNAE; viabilizar condições para permanente capacitação dos agricultores; recuperação das bacias hidrográficas do Estado; retomada da política de Reforma Agrária com participação do estado através do INTERPA; implementação de um programa estadual de produção e plantio de mudas nativas de nossos dois biomas (Mata Atlântica e Caatinga); implementação de uma política de educação que seja contextualizada com a realidade semiárida e que ajude na construção de uma imagem positiva da região, a partir da diversidade de suas potencialidades, superando a reprodução histórica e preconceituosa de uma imagem do semiárido como região-problema para o Brasil.

Mediante esse quadro, não podemos nos calar. Estamos solidários às milhares de famílias de agricultores e agricultoras camponesas e atentos aos rumos da política. Seguiremos mobilizados por um semiárido viável e feliz, com sua produção diversificada, com sua biodiversidade, sua gente viva, saindo do silêncio secular, organizando-nos para acessar direitos, para que usemos da palavra, para que tenhamos vez e voz e possamos dizer o que pensamos de nós, o que queremos para nossas comunidades, o que acreditamos ser melhor e mais viável para modificar nossa condição de vida e possamos vislumbrar, de fato e de direito, a possibilidade de sair da exclusão.



Articulação no Semiárido Paraibano – ASA PB
Paraíba, 15 de maio de 2012.



Contatos:
- Alto Sertão: Socorro Goveia (ASPA – 35431291)
- Médio Sertão: Anchieta (Cáritas – 99612835)
- Cariri: Célia Araújo (CASACO – 91361298)
- Borborema: Glória Batista (PATAC – 33224975)
- Litoral: Arivaldo Sezyshta (Serviço Pastoral dos Migrantes – 88012417)

segunda-feira, 14 de maio de 2012

A FORMAÇÃO DOS AGENTES DE PASTORAL DO SMP NE: REFLEXÕES A PARTIR DO TEMA CIDADANIA NO BRASIL


ELEMENTOS INTRODUTÓRIOS:

Ocorreu nos dias 20 e 21 de abril de 2012, na cidade de Itabaiana – PB, o 1º Encontro de Formação da Equipe do Serviço Pastoral do Migrante do Nordeste do ano em curso. Estiveram presentes 18 pessoas[1] que atuam nas diversas ações da Pastoral no Agreste, Cariri e litoral Paraibano, bem como na Zona da mata de Pernambuco.

O encontro teve como tema central a Cidadania no Brasil que, além do caráter formativo possibilitou uma preparação para o Coletivo de Formação do SPM Nacional que ocorrerá no mês de maio do ano corrente. A preparação contou com a participação mais ativa de Darcy Lima, Roberto Saraiva e Verônica Pessoa. Contudo, é preciso ressaltar que embora haja uma equipe maior responsável[2] por pensar a formação do SPM NE em 2012 que envolve outros companheir@s, a demanda dos trabalhos assumidos até então impossibilitou uma interação e um pensar mais coletivo de toda a equipe.

ACOLHIDA:

Os trabalhos começaram por volta das 08h30min com a acolhida aos participantes. O grupo foi convido para assistir a projeção de um slide show produzido por Darcy Lima, intitulado Missão de Todos Nós (veja abaixo). O áudio visual com a duração de 05 minutos dava conta de diversas ações do SPM NE ao longo de sua caminhada, sobretudo nos dias atuais, rememorando os sentidos e modos de ser e fazer da Pastoral.

A partir desta exibição, fomos motivados a realizar a oração do Pai Nosso, pedindo aos Deus da Vida para estar conosco e nos iluminar, com a força do Seu Espírito Santo, nas reflexões para uma agir mais firme ao encontro do povo migrante.  

Em seguida foi apresentada a proposta de trabalho, bem como acordou-se a metodologia e a forma de organização das equipes para a condução das atividades.

Neste sentido, como o lugar era bastante agradável e nos permitia uma maior interação, não tivemos dificuldade em gerir o cotidiano do Grupo.



O TEMA:

A discussão do tema foi pautada a partir dos estudos de José Murilo Carvalho, através de um vídeo documentário intitulado Caminhos da Cidadania no Brasil 1. O vídeo foi exibido e após esta etapa, encaminhou-se um trabalho em pequenos grupos. Duas perguntas foram indicadas para nortear a reflexão dos grupos, a saber: a) O que o grupo compreende por cidadania? b) Que ações desenvolvidas pelo SPM NE têm contribuído para gerar cidadania.

Mediante este encaminhamento, foram formados 03 grupos, nos quais se buscou uma distribuição das pessoas da forma mais equitativa possível, considerando a dimensão de gênero e as localidades representadas. Este trabalho teve a duração aproximada de 50 minutos, seguido da socialização em plenária e do debate. Das questões apresentadas pelos grupos, destacamos as que seguem:

GRUPO 01:

- Perceber o termo cidadania considerando seu processo histórico e de forma contextualizada (ANTES – Termo Burguês e Excludente; HOJE – promove a Inclusão e considera a Diversidade);
- O conceito está intimamente relacionado aos poderes, cuja vivência se dá no campo da política, mas, sobretudo, nas relações sociais dentro da família, em casa, no trabalho;
- Destaque para o papel que os movimentos sociais têm na construção e conquista de direitos;
- Registrar os avanços que tivemos na garantia dos direitos das minorias em seus processos organizativos;
- A inserção das redes virtuais como instâncias de luta e de divulgação dos direitos e garantias sociais.

GRUPO 02:

- Tem-se a noção dos direitos, porém atrelados aos deveres, embora prevaleça a ideia de direitos;
- Direito às questões básicas de vida, bem como de acesso aos bens culturais, sociais, políticos, econômicos, entre outros, bem como a livre expressão no falar, pensar, sentir e agir;
- Debateu-se longamente sobre a questão: quem forma o cidadão? A escola ou a sociedade?
- O reconhecimento de que a escola tem um papel importante, mas que não pode ser analisada de forma isolada, fora do conjunto de outras ações sociais;
- A sociedade atual tem gerado cidadãos de fato e de direitos e cidadãos de segunda categoria;
- Muitas vezes a escola só atua como reprodutora das ideologias dominantes, formando mentes treinadas e obedientes;
- Trouxe a importância na atualidade do conceito de cidadania universal;
- Nos dias de hoje, como o conceito de cidadania vem sendo construído? Este conceito é algo imposto ou conquistado?
- Tratou-se da questão: nas suas ações, o SPM NE vem respeitando o imaginário social das comunidades? Tem contribuído para a desconstrução dos conceitos que não traduzem a cidadania como direito?
- A cisterna não é uma dádiva, mas sim uma dívida social;
- Apostar em movimentos de mobilização e organização como a construção de um consciente coletivo;
- E nós, até que ponto exercemos nossa cidadania?
- Na ótica da cidadania universal precisamos assumir um compromisso em construir um mundo possível e sustentável;
- Reconhecer que o fato de um direito estar assegurado em lei não garante sua efetivação, porém representa um avanço no plano das conquistas sociais.

 GRUPO 03:

- Avançamos por princípio e na lei, mas ainda há muito que se conquistar;
- Revisitar nossos compromissos e nossas posturas perante o mundo nos remete ao cuidado e à vigilância permanentes;
- Refundar o conceito de cidadania;
- Na busca pela vigilância nos questionar de quais princípios não abrimos mão e o que nos é sagrado;
- Pensar a cidadania atrelada ao conceito de desenvolvimento;
- Buscar conhecer o aparato legal de que poderemos lançar mão nas nossas lutas pelo reconhecimento e garantia em torno dos direitos.


Os grupos demonstraram muita clareza no trato com o tema cidadania, trazendo reflexões tanto de natureza teórica quanto prática. Depois de uma perspectiva mais conceitual e teórica, passamos a refletir sobre a trajetória do SPM NE e de que modo estamos atuando para as garantia de direitos como expressão da cidadania. O debate foi amplo e participativo, evidenciando o quanto são imprescindíveis os momentos de estudo, debate e reflexão para o fortalecimento institucional, bem como para a formação crítica da equipe dos agentes de pastoral. Especificamente sobre as discussões, ilustramos as indicações postas na síntese a seguir:

Como o SPM NE tem contribuído para a construção da cidadania?

- Atuando com respeito ao imaginário social das comunidades com as quais trabalha, porém contribuindo para a desconstrução de conceitos que não promovem a libertação dos corpos e das consciências;
- Mantendo a vigilância permanente nos modos de sentir, pensar e agir;
- Promovendo metodologias que possibilitem a reconstrução de visões de mundo, estando, sobretudo, encarnado da realidade vivencial de nossos grupos;
- Identificando quais questões nos são sagradas e de quais princípios não abrimos mão;
- Refletir sobre nossas ações e se estas têm contribuído para a transformação da realidade em nível MICRO – individual e MACRO – social;
- Tendo clareza de que a construção de “um outro mundo possível” é questão de processo, que exige tempo e novos ângulos para uma análise que considere sua complexidade;
- Buscando requalificar nossas intervenções, ações e modos de compreender os fenômenos com os quais trabalha, principalmente, a questão migratória.

REFLEXÕES E ENCAMINHAMENTOS:

No momento final do nosso encontro, foram priorizados os informes e os encaminhamentos relativos aos Projetos e ações do SPM NE. Assim, foi realizada uma rápida rodada com objetivo de esclarecer o estágio atual e a situação de cada ação específica, inclusive das perspectivas e expectativas com relação à renovação e apresentação de novas propostas para o ano de 2012.

O grupo levou como tarefa complementar a leitura do texto de José Murilo de Carvalho, o qual será enviado para o e-mail do Grupo, bem como o slide show Missão de Todos Nós.

Na avaliação final do encontro as pessoas foram convidadas a colocar suas percepções sobre o encontro, a partir de palavras chaves. Foram destacados o local, a temática abordada e a possibilidade de estar juntos como elementos positivos ao encontro. A falta de articulação e contato da equipe ainda se revelou um ponto que merece ser trabalhado, tendo em vista sua superação.

No enfrentamento dessa questão o grupo tirou o encaminhamento de estabelecer contato através do e-mail institucional da equipe do SPM NE, solicitando a confirmação dos participantes antigos e incluindo novas pessoas, bem como que o grupo busque a utilização do espaço da rede, também, como instância de articulação. 

Antes de concluir os trabalhos foi acordado para o próximo encontro, que ocorrerá nos dias 24 e 25 de agosto, na Baia da Traição – PB, o estudo do tema da 5ª Semana Social Brasileira: Estado para que e para quem?

CONSIDERAÇÕES:

Ficou bastante claro nas indagações, que o SPM é essencialmente uma pastoral que busca trabalhar com projetos que são meios e não fim, que na missão o importante está na clareza de que mesmo sendo muitas vezes interrompidos devemos retomar a caminhada.

Com está escrito na espiritualidade  Scalabriniana, fundadora da pastoral dos migrantes: “Nossa espiritualidade é a do caminho. Somos desafiados a caminhar lado a lado com Jesus Peregrino, contemplando de forma consciente suas atitudes e gestos de acolhida. “

 Verônica Pessoa da Silva
José Roberto Saraiva dos Santos

[1] Estiveram presentes: Seu Manoelzinho, Paulo Sérgio, Bruno, Saulo, Ricardo, Roberto, Noaldo, Darcy, Ari, Verônica, Luciene, Shirley, Aline, Célia, Francy, Nicinha, Amália e Amélia.
[2]  O Grupo é formado por: Adriel, Célia, Roberto, Verônica.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

PRESERVAR E PRODUZIR_repercusão na mídia

Conforme publicamos no post passado a exposição PRESERVAR E PRODUZIR está em cartaz na Fundação Casa José Américo até o proximo dia 11.05 e foi amplamente divulgada pela Assessoria de Comunicação da casa, como podemos acompanhar nos portais da propria Fundação José Américo e também no Governo do Estado.

acompanhem as máterias na integra:
FCJA: http://www.fcja.pb.gov.br/noticias/noticia472.shtml
GOVERNO DO ESTADO: http://www.paraiba.pb.gov.br/45648/exposicao-ecologica-%E2%80%98preservar-e-produzir%E2%80%99-esta-em-cartaz-na-fcja.html



quinta-feira, 3 de maio de 2012

SPM NE inaugura a exposição PRESERVAR E PRODUZIR



Será inaugurada hoje (03.05) às 18h na Fundação Casa José Américo de Almeida na cidade de João Pessoa/PB a exposição Preservar e Produzir, uma realização do Serviço Pastoral dos Migrantes do Nordeste SPM NE por meio de seu departamento de comunicação.

A exposição é resultante de um processo de documentação fotográfica do projeto de Recuperação e Educação Ambiental “Preservar e Produzir” realizado pelo SPM NE desde 2007 no litoral Sul da Paraíba nas cidades de Pitimbu e Caaporã em comunidades oriunda do processo de Reforma Agrária, as quais voluntariamente dedicam-se a construir um mundo mais harmônico e sustentável.

Preservar e Produzir faz parte do lançamento do livro Direitos Humanos dos Migrante da professora Maritza Natalia Ferreti  ficará a aberta ao publico até o dia 11.05 e poderá ser visitada no horário das 08h às 12h e das 14h às 17h. A Fundação José Américo de Almeida esta situada na orla do Cabo Branco, 3336. João Pessoa/PB


Missão de Todos Nós

Palavra de vida!