31 Jul 2018
Na sexta-feira (27) a Articulação do Semiárido Paraibano (ASA Paraíba) esteve em Caetés (PE), participando do ato público que aconteceu no centro da cidade. Com uma delegação de cerca de 50 pessoas, onde também estavam representantes do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e da Rede de Educação Cidadã (Recide), seguimos em uma viagem de mais ou menos 4h, em um clima de muita reflexão e desejos de luta.
No percurso, a representante da Coordenação Executiva da ASA Brasil e também coordenadora da ASA Paraíba, Glória Batista Araújo, refletiu sobre os números que indicam a volta da fome e também sobre as perdas de direitos de trabalhadores e trabalhadoras do campo.
Euzébio Albuquerque, do Polo da Borborema, recitou uma poesia de sua autoria que trata de todas as políticas públicas, fruto da luta dos trabalhadores que estão sendo alvo de cortes pelo atual governo e a acelerada perda de direitos nos últimos dois anos.
Em Caetés, houve uma recepção às caravanas com uma dinâmica de integração dos participantes de vários estados/movimentos do Semiárido (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra - MST, Frente Brasil Popular, ASA), e um lanche, no Centro de Eventos Municipal. Em seguida, os participantes do ato seguiram em caminhada para a Praça, onde cerca de três mil pessoas participaram do ato político cultural que contou com apresentações artísticas, falas políticas, denúncias em relação ao aumento dos números da fome no Brasil e os cortes nos programas sociais e políticas públicas, como o Bolsa Família e o Programa Um Milhão de Cisternas, criado em 2003, que permitiu o acesso a água de qualidade para muitos brasileiros, no Semiárido.
O ato terminou com o envio das representações para a caravana, que no caso da Paraíba, tem pessoas das organizações e movimentos sociais, como: a Rede de Educação Cidadã (Recide), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a ASA e o MST, os ônibus cortarão três regiões brasileiras.
A “Caravana Semiárido contra a Fome” chegou a Belo Horizonte (MG) na última segunda-feira, 30. Na primeira parte a manhã, ocorreu uma panfletagem, um momento de avaliação com o grupo e à tarde, aconteceram às atividades públicas no centro de Belo Horizonte. A primeira atividade aconteceu às 15h, na Praça 7 de Setembro e a segunda às 18h, no Armazém do Campo.
Nesta terça-feira, 31, o grupo está seguindo em direção a Guararema (SP), onde fará parada na Escola Florestan Fernandes do MST. Depois segue para Curitiba (PR), onde os participantes também farão um ato público na sede da Polícia Federal, onde se encontra preso o presidente Lula, e por fim, segue para Brasília (DF), com chegada prevista para o dia 05 de agosto, quando pretendem denunciar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a situação de fome que atinge o país. Serão percorridos mais de 4.300 quilômetros durante 14 dias.
Os objetivos foram claramente delimitados para esse importante processo de mobilização social que serão construídos por todos esses territórios de passagem e de resistência popular: debater a situação política do Brasil; fazer uma denúncia muito clara sobre os riscos da volta da fome, e, por fim, a defesa da democracia.
Mais informações - O Brasil saiu do Mapa da Fome em 2014. O levantamento é elaborado desde 1990 pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Para sair do mapa, o país deve ter menos de 5% da população ingerindo menos calorias do que o recomendado. A insegurança alimentar grave passou a um nível baixo, de 3,2%, apenas em 2013 e por isso o Brasil saiu do indesejado mapa.
No entanto, o Relatório Luz, elaborado por cerca de 20 entidades da sociedade civil, mostra que há o sério risco do país voltar ao mapa da fome. Isso porque a fome está intrinsecamente vinculada à pobreza extrema – que já atinge 11,8 milhões de brasileiros, conforme levantamento da organização ActionAid Brasil.
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