Há tempo que no Brasil, estado de tanta riqueza e pujança,
Está doente, consultou o médico e caiu na UTI, pela injustiça tanta.
Um vírus, o contaminou e consome, desde a Colônia e Império;
Mas a República só fez acelerar esse estado de saúde tão sério.
Desde a raiz são dois Brasis, disse alguém: Casa Grande e Senzala;
Terra de contrastes, disse o outro: o mal invadindo cozinha e sala.
Moeda de duas faces, pobreza e riqueza como cara e coroa;
Uma vivendo à custa da outra, é o refrão que por toda parte soa.
Saúde Pública para o andar de baixo, saúde privada no andar de cima;
Com a educação, o vestuário e a segurança, repete-se a mesma sina.
O mesmo ocorre nos sistemas de transporte, alimento e habitação:
Privilégios para os ricos; para os pobres, esmola e pouca atenção.
Pior ainda para os estrangeiros, quando não estão documentados;
Difícil acesso à saúde pública e remédios, cidadãos descartados.
Milhões sem papéis e sem pátrias, escondendo o rosto e o endereço
Com medo de que, mais dia menos dia, tenham de "pagar o preço".
O Sistema Único de Saúde, no Brasil, SUS nosso da cada dia
Carece de uma política pública com mais recurso e energia.
Em vez de proteção aos planos particulares, a melhoria do SUS é prioridade,
Pois dele é que depende a maioria pobre, migrante e excluída da sociedade.
Da mesma forma que a doença, também a cura tem outro itinerário,
Reformas econômicas, políticas e sociais para um país justo e solidário.
"Saúde é direito de todos e dever do Estado", diz a nova Constituição;
Não faltam leis, falta de vontade política, para que ninguém sofre privação.
Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS.
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