"Marcha a ré" contra os retrocessos na legislação ambiental leva 5 mil pessoas às ruas do RJ
© WWF-Brasil/ Jorge Eduardo Dantas |
A “Marcha a Ré” teve esse nome porque, em alguns trechos do percurso, os manifestantes andaram de costas como forma de protesto. Vários gritos de ordem foram entoados na ocasião, como “Dilma, vou te derrubar! Quem mata as florestas não merece governar!” e "Dilma! Com você, o país andou de ré!"
A mobilização saiu da frente do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), no Aterro do Flamengo, onde está sediada a Cúpula dos Povos, foi até a frente da sede do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e voltou. O encerramento ocorreu na plenária 2 da Cúpula dos Povos, cuja tema principal é “Defesa dos temas comuns”. Ali, foi definido que uma série de movimentos vão ocorrer nos próximos meses, no país inteiro, para deixar claros aos congressistas em Brasília que “o jogo não terminou” – mote da nova fase da campanha “Veta, Dilma!”
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A irreverência também foi uma marca da manifestação. Muitos fizeram pinturas pelo corpo e outros se fantasiaram de parlamentares que apóiam a causa ruralista, como Kátia Abreu, Aldo Rebelo e Paulo Piau. Se fizeram presentes ainda viúva chorosas que lamentavam a ‘morte’ da Política Nacional de Meio Ambiente e artistas que encenaram a presidente Dilma cuspindo fogo no País e os deputados e senadores ruralistas recebendo cartões amarelos e vermelhos da população. O deputado Paulo Piau surgiu no meio da manifestação e foi vaiado por aqueles que marchavam.
"Posicionamento mais contundente"
"Posicionamento mais contundente"
O analista de políticas públicas do WWF-Brasil, Kenzo Jucá, considerou a manifestação muito boa. “O Espírito da Rio+20 foi sintetizado na marcha de hoje. É inadmissível que o Brasil ande de costas para a defesa e conservação das florestas”, disse Kenzo.
O especialista afirmou também que a manifestação tocou nos temas centrais da reunião que ocorre hoje no Rio e considerou a passeata o posicionamento mais contundente feito até agora na Rio+20. “Precisamos ficar de olho no que acontece hoje com a legislação brasileira. É a Lei de Crimes Ambientais, a redução de Unidades de Conservação e o desmantelamento das políticas de licenciamento ambiental. Tudo isso está em perigo e corre riscos”, afirmou.
Representante do Comitê Brasileiro em Defesa das Florestas, Bazileu Margarido declarou que a mobilização é uma demonstração que de que o movimento em defesa dos recursos naturais que surgiu durante o “Veta, Dilma!” não acabou. “A sociedade precisa continuar mobilizada e precisamos mostrar para o mundo, para a sociedade brasileira e para a comunidade ambiental que está em curso um processo grave de desmonte da legislação brasileira”, disse.
Bazileu contou que o que ocorreu durante o processo do Código Florestal demonstrou que o governo brasileiro está omisso nas questões ambientais. “O Governo poderia ter liderado este debate, mas não o fez. Preferiu deixar o Congresso conduzir, promoveu vetos parciais insuficientes e editou uma Medida Provisória que está longe de restaurar o que foi prejudicado com as decisões dos parlamentares”, disse.
Apenas para palmas
“Queremos que as comunidades e as pessoas que estão na Cúpula dos Povos sejam ouvidos. O governo brasileiro abre um espaço de conversa que só serve para receber palmas”, reclamou a representante do SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro.
Malu defendeu ainda a realização de protestos e mobilizações. “É nesses espaços que a sociedade mostra o que quer. Não dentro de tratados diplomáticos. São momentos ricos, transformadores, sem partidos políticos e sem demagogia”, contou.
A representante do Comitê Universitário em Defesa das Florestas brasiliense, Lígia Boueres, afirmou que a passeata é fundamental para mostrar o mundo o que ocorre hoje no Brasil. “A construção de Belo Monte e a aprovação do Código Florestal mostraram que a banca ruralista hoje é mais forte que o próprio governo brasileiro. É um absurdo o que acontece hoje no Brasil”, contou.
fonte: WWF Brasil
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