Publicação registra e divulga projetos comunitários de prevenção ao trabalho escravo realizados em seis estados
É com alegria que compartilhamos a cartilha “Experiências comunitárias de combate à escravidão 2011”, em que reunimos relatos das 15 iniciativas de prevenção ao trabalho escravo realizadas por escolas e comunidades neste ano, e apoiadas pelo Fundo de apoio a projetos do “Escravo, nem pensar!”.
As experiências foram bem-sucedidas e tiveram ampla repercussão. Com isso, a conscientização sobre o trabalho escravo ganhou força nas comunidades. O público envolvido se apropriou do tema por meio das apresentações dos trabalhos nas culminâncias, de palestras, de exibições de filmes e peças de teatro, da realização de oficinas e passeatas e da distribuição de materiais impressos com informações sobre o tema. Cada projeto elaborou uma metodologia própria, associando o tema ao conteúdo das disciplinas e outras atividades das escolas, sempre com muita criatividade e engajamento.Os projetos, distribuídos por seis estados (BA, MA, MT, PA, PI e TO), tiveram o objetivo comum de disseminar informações sobre o trabalho escravo contemporâneo no meio rural, alertando estudantes e comunidades sobre o perigo do aliciamento de trabalhadores e divulgando as formas de prevenção e combate a esse crime. Ao todo, as iniciativas alcançaram mais de 6,5 mil estudantes e pelo menos 4,8 mil pessoas da comunidade extra-escolar.
Nos projetos, também foram abordados temas relacionados, como a questão agrária, meio ambiente, exploração infantil e a violência contra a mulher e a exploração sexual, como em “Escravidão feminina no mundo contemporâneo” de Piritiba (BA). Por sua vez, reforçar os elos culturais e identitários e relacionar esses aspectos com a prevenção ao trabalho escravo foi a marca do projeto “As lutas de um povo de uma comunidade quilombola”, realizado em Santa Fé do Araguaia (TO).
Os desdobramentos
Em algumas regiões, o conflito agrário e a violação dos direitos humanos são tão presentes que, inicialmente, houve receio na abordagem. Por isso, os coordenadores do projeto "Purguy contra o trabalho escravo" , realizado em Xinguara (PA), afirmam que foi uma grande vitória romper o silêncio e discutir com os estudantes a situação agrária da região.
Os projetos foram importantes para desnaturalizar situações de exploração. Após ouvirem depoimentos de trabalhadores e verem imagens das condições desumanas nas fazendas onde ocorreram libertações, alguns participantes reconheceram que já sofreram violências semelhantes, porém sem ter consciência de que se tratava de um crime: “Trabalhei muitos anos em fazenda e passei por muitas coisas que eram trabalho escravo e só agora eu sei disso, porque estudei. Agora não vou mais passar por isso, conta Maria de Jesus dos Santos Taveira, 40 anos, participante do projeto “Não há cidadania sem liberdade”, em Araguaína (TO) . Maria é estudante de EJA na Escola Municipal Teresa Hilário e mãe de aluno da mesma escola.
Os estudantes também se tornaram multiplicadores de informações junto às suas famílias e à comunidade, distribuindo materiais, esclarecendo dúvidas de moradores, conversando com pais, filhos e vizinhos.
Outro importante resultado desse processo foram as parcerias estabelecidas entre as escolas e representantes do Ministério Público do Trabalho e da Justiça do Trabalho, como ocorreu em Alta Floresta e Marabá, respectivamente. Além disso, a participação ativa de entidades da sociedade civil que já atuam na luta contra o trabalho escravo fortaleceu muitos projetos.
Esses são apenas alguns resultados alcançados neste ano pelo financiamento das propostas. Na leitura da cartilha, você poderá encontrar informações mais detalhadas, fotos e declarações desses belos exemplos de ação educativa. O intuito é que a publicação não só divulgue as atividades realizadas, mas também inspire novas ideias e metodologia para outros educadores e educadoras.
As ações de prevenção não param
Além dos projetos financiados, muitas iniciativas locais continuam, ano a ano, desenvolvendo de forma autônoma outros projetos, parcerias e atividades didáticas nos municípios que já participam da rede de prevenção, gerando impactos positivos e mantendo o tema do trabalho escravo sempre em evidência. Foi o que presenciamos ao longo deste ano nas visitas às cidades de Confresa (MT), Porto Alegre do Norte (MT), Itupiranga (PA), Xinguara (PA), Avelino Lopes (PI), Cristalândia (PI), Parnaguá (PI), Baixa Grande do Ribeiro (PI), Araguaína (TO) e Campos Lindos (TO).
O Fundo de apoio a projetos do “Escravo, nem pensar!” representa mais um estímulo para algumas dessas importantes ações cotidianas.
O financiamento dos projetos e a publicação da cartilha são frutos da parceria com a Catholic Relief Services (CRS). A distribuição é gratuita e será feita, principalmente, nos locais de atuação do programa.
O “Escravo, nem pensar!” já apoiou 65 projetos comunitários desde 2007. Não deixe de conferir mais informações sobre projetos na seção Projetos Comunitários. Você pode se inteirar com essas experiências e também relembrar importantes projetos de outros anos. Em 2012, novos projetos receberão financiamento.
Parabéns a todos e todas que protagonizaram essas atividades!
Clique aqui para baixar o arquivo da cartilha “Experiências Comunitárias de Combate à Escravidão – 2011”
Fonte: Escravo Nem Pensar!
12/12/2011
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