No dia 20 de Novembro de 2011 aconteceu, no Município de Fagundes – PB,
a 16ª versão da Romaria do Migrante, organizada e promovida pelo Serviço
Pastoral dos Migrantes do Nordeste – SPM NE e pela Paróquia São João Batista.
Estiveram presentes cerca de três mil pessoas, pertencentes a vários
movimentos, pastorais e comunidades da Paróquia de Fagundes, além de municípios
vizinhos, do agreste da Paraíba. Inspirados pelo tema “Com Cristo Rei,
conquistando direitos e celebrando a vida”, estivemos reunidos, rezando,
catando e refletindo sobre as causas da migração forçada e as formas de
resistência que o povo reinventa em sua criatividade secular, a exemplo da
convivência com a região semiárida.
A Romaria acontece como expressão, vontade e compromisso das comunidades
nas quais o SPM Nordeste tem realizado seus trabalhos. A cada ano, os
migrantes, quando indagados sobre a continuidade deste movimento, confirmam o
desejo de caminhar pelas ruas da cidade de Fagundes, rumo à Pedra de Santo
Antônio e, com isto, relembrar os parentes distantes fisicamente, mas
presentes, cotidianamente, nas lembranças e nos corações. Nas palavras de um
agricultor, seu Antônio, “A Romaria é um lugar aonde a gente vem, reencontra os
amigos e recorda na memória aqueles que mesmo distantes, não se deixam
esquecer”. É também, espaço de denúncia do trabalho escravo e da migração
forçada, e oportunidade de postular e exigir, na origem, políticas públicas que
assegurem o direito dos que desejam ficar, resistir e viver dignamente.
A Romaria intenciona dar continuidade e aprofundar as
reflexões advindas da Semana do Migrante, relembrando que todos e todas somos
filhos e filhas de Deus, cidadãos e cidadãs, sujeitos de direito. Neste ano,
antecederam à realização da 16ª Romaria do Migrante, momentos de encontros e
formação com as lideranças das comunidades do município de Fagundes, culminando
com a visita a algumas das cisternas destinadas à água de beber, construídas
pelo SPM e com a celebração da palavra, motivando as famílias para a caminhada.
A cada ano os romeiros se reúnem em
frente à Igreja Matriz para, às 06h da manhã, dar início à celebração, com a
apresentação e acolhida às comunidades presentes. A partir da celebração de
envio, todos se dirigiram em caminhada para a Pedra de Santo Antônio, em um
percurso de 04 km, aproximadamente. No itinerário foram organizadas 03 (três)
paradas, através das quais se refletiu sobre “Por que Cristo Rei”? Este
momento, organizado pela Comunidade de Itatuba - PB, contou com a participação
de Pe. Alceu Bernardi, que veio de São Paulo especialmente para participar da
Romaria. Na ocasião refletiu-se sobre a missão profética e revolucionária de um
Deus que caminha conosco e nos inspira na construção de um Reino de paz,
justiça e amor. Na 2ª parada indagou-se sobre “Quais são os nossos direitos”?
Para tanto, Maciel Cover, estudante da UFCG, apresentou dados desafiadores
quando contextualizou a vida dos trabalhadores – homens e mulheres – migrantes
inseridos no contexto do corte de cana de açúcar. Neste sentido, pediu que a
caminhada fosse uma oportunidade de trazer à tona a vida e a existência destes
trabalhadores. Ainda neste intento, reforçou-se a necessidade de continuarmos
mobilizados pelo cumprimento dos direitos e pela construção de políticas
públicas para todos. Na 3ª parada, refletiu-se sobre “Como a vida pode ser
celebrada”. A comunidade de Fagundes expressou a íntima relação entre a
celebração da vida e o acesso a direitos, evidenciando que é através da vida
digna de seu povo que Deus se realiza.
Com a chegada a Pedra de Santo Antônio,
cansados pelo sol forte e pela sinuosidade do percurso, mas com o coração em
festa, participamos do encerramento da celebração, com a benção da água e dos
pães, que foram distribuídos como gesto concreto de partilha e compromisso de
luta no enfretamento da desigualdade e da fome, para que todos tenham vida e
vida em abundância.
Que o Deus da Vida guie os nossos
passos, apesar da rudeza do caminho.
Verônica Pessoa da Silva
Pastoral dos Migrantes
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