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sábado, 19 de maio de 2018

Jovens da Articulação do Semiárido Paraibano debatem educação no campo durante encontro



No último dia 17 de maio, o Grupo de Trabalho – GT Juventude e Agroecologia da Articulação do Semiárido Paraibano esteve reunido em Campina Grande para um momento de formação sobre o tema da educação do campo, abordando a onda de fechamento das escolas rurais que vem acontecendo em todas as regiões do estado, debatendo os efeitos negativos para a agricultura familiar e, em especial, a juventude.

A formação contou com a facilitação da professora Albertina Araújo, da Universidade Federal da Paraíba – UFPB, Campus Bananeiras, e membro da Rede de Educação do Campo da Borborema. O encontro contou ainda com representantes do ForteCampo - Fórum de Educação do Campo do Cariri Paraibano.

A reunião teve início com uma rodada, onde os jovens presentes de cada território onde atuam, socializaram os números de escolas fechadas em seus municípios/comunidades. Só nas regiões das pessoas presentes a reunião (Cariri Oriental, Curimataú, Agreste da Borborema e Seridó), foi levantado o número de 79 escolas fechadas, nos últimos anos. Os dados vêm de um levantamento de onde as organizações da ASA Paraíba atuam com o Programa Cisternas nas Escolas, desde o ano de 2009.

Albertina falou sobre os estudos realizados no âmbito da Rede de Educação do Campo da​​ Borborema, incluindo uma pesquisa qualitativa em que se procurou entender os sujeitos afetados pelo fechamento das escolas. “Queríamos saber como as pessoas estavam lidando com a situação. Foi uma pesquisa participativa em que fomos até as comunidades dos municípios de Areia, Solânea, Massaranduba e Remígio, que era os locais com maior número de fechamentos”, disse. “A gente percebe que o camponês, mesmo aquele que não estudou, não despreza o ambiente escolar, e a vê como um lugar que dá oportunidades. O que vimos com a pesquisa foi que muitas escolas fecharam porque faltou um pouco a informação sobre os direitos da comunidade”, complementou.

Segundo a professora, as justificativas para o fechamento de escolas que tem sido dadas não encontra amparo na lei, por isso ela lembra o quanto é importante que as pessoas tenham a informação. “Desde 2014, um decreto presidencial só permite fechar uma escola se a comunidade autorizar”.


Muitos jovens trataram ainda das escolas que se mantém abertas, porém em completo abandono pelo poder público: “A escola da minha comunidade vai fazer mais de 10 anos que ninguém coloca uma telha lá. Está horrível a situação, as pessoas até se cotizaram para comprar um vaso sanitário. A gente se pergunta para onde está indo o recurso que vem para a escola”, conta Moizés de Sousa Alves, jovem do município de Aroeiras.

Os jovens presentes à reunião falaram ainda sobre o significado e a importância de terem estudado em escolas do campo que debatiam e levavam em consideração o seu contexto e a vida na agricultura familiar, o quanto isso foi definitivo para a construção de uma identidade camponesa e na decisão de permanecer no campo.

Carla Mailde Feitosa Santa Cruz, e integrante do ForteCampo, de Sumé e tem dois filhos pequenos que estudavam na escola da Comunidade Carnaúba, uma das três escolas fechadas esse ano pelo poder público municipal. Ela comentou sobre a situação de dificuldade que as crianças das três localidades (comunidades Pitombeira, Carnaúba e Assentamento Mandacaru) vem enfrentando para poder estudar e fez um apelo para a luta coletiva: “As leis estão sendo violadas, precisamos nos organizar e pensar em medidas mais enérgicas. Fechar escola deveria ser uma exceção e está se tornando regra, nós precisamos reagir”, disse.

Ao final do encontro foram tirados os seguintes encaminhamentos: o Comitê Estadual de Educação do Campo solicitará uma audiência com o Governador Ricardo Coutinho para debater o problema; O GT da Juventude e a coordenação da ASA Paraíba vão realizar um Seminário Estadual sobre educação no campo, com representação de diversos movimentos rurais; Divulgar amplamente a Nota Técnica do Ministério Público Federal sobre o reordenamento das escolas do campo.

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