Uma comitiva formada pelo presidente da Fundação Banco do Brasil (FBB), Gerôncio Luna, pelo gerente geral da Agência Setor Público do Banco do Brasil de João Pessoa, Edilberto Passos e pelo Gerente de Mercado da Superintendência do Banco do Brasil da Paraíba, Alexandre Carvalhaes, visitou na última quinta-feira (29) propriedades rurais do Assentamento Almir Muniz, município de Itabaiana-PB, distante 75km da capital,João Pessoa, no Agreste Paraibano.
O objetivo da visita foi conhecer as tecnologias sociais de captação de água de chuva, cisternas para consumo humano e para produção de alimentos e criação de animais construídas pelas organizações da Articulação do Semiárido Paraibano (ASA Paraíba), rede integrante da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA Brasil), por meio de projetos financiados pela Fundação Banco do Brasil. Também acompanharam a visita Ary Sezhyta, Shirley Luiz da Silva e Fernando Pereira do Serviço Pastoral do Migrante (SPM), Madalena Medeiros, Maria do Socorro Oliveira e Áurea Olimpia do Centro de Ação Cultural (Centrac) e Glória Araújo Batista do Patac e da Coordenação Executiva da ASA Paraíba e da coordenação Nacional da ASA Brasil.
Foram visitadas três famílias participantes dos Programas Um Milhão de Cisternas (P1MC), que constrói cisternas com capacidade de 16 mil litros e captação de água de chuva a partir do telhado das casas e é usada para beber e cozinhar e do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), que por sua vez, trabalha com cisternas de 52 mil litros para a produção e a criação de animais. Nesse tipo cisterna, a captação de água pode acontecer de duas formas: por meio de um calçadão inclinado de 200 metros quadrados, construído ao lado do reservatório, a chamada cisterna calçadão, ou por meio da instalação de duas caixas de decantação que colhem a água trazida pela inclinação do próprio terreno, a cisterna de enxurrada.
Números – A parceria da ASA Brasil com a Fundação Banco do Brasil na construção de cisternas, de 2010 a 2014, já beneficiou, nos 10 estados do Semiárido Brasileiro, 350 mil pessoas, com um investimento de 330 milhões de reais, vindos da própria FBB e do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Estes valores foram investidos na construção de 92 mil cisternas, sendo 12 mil cisternas de produção e 80 mil cisternas de beber e cozinhar. “A ASA é um dos nossos principais parceiros, temos muito orgulho de apoiar esse trabalho, porque ele é muito sério. Eu quis vir aqui para escutar os moradores, pois esse depoimento é muito importante para ratificar os benefícios que as cisternas traz em para as comunidades. O sentimento de inclusão sócio-produtiva é gratificante, ver as pessoas vivendo com dignidade e envolvidas, principalmente os filhos, muito comprometidos com a agricultura, o que denota uma boa perspectiva de futuro. O que a gente percebe é que o povo está feliz”, disse Gerôncio Luna.
Dos 50 milhões de reais de recursos para investimento social da Fundação, que inclui outros temas, como resíduos sólidos, cerca de 25 milhões de reais, foram investidos na Paraíba, em 8.100 cisternas do P1MC e 1.200 cisternas do P1+2. De acordo com o Presidente, a FBB está comprometida com a universalização da água de beber e cozinhar. Segundo levantamento da ASA Brasil, seriam necessárias ainda 350 mil cisternas desse tipo. “A Fundação estuda as possibilidades de ampliar a sua participação nesta ação. Estamos buscando fontes de recursos que criem condições para que os programas e projetos, além de não sofrerem de descontinuidade, possam ser ampliados. Por isso, deverá continuar contando com aportes do Banco do Brasil, par ceiros estratégicos a exemplo do BNDES e outros investimentos sociais como entidades privadas e entidades não governamentais no Brasil e no exterior”, explicou o Presidente da FBB.
De acordo com Gerôncio, a Fundação Banco do Brasil, nos últimos 10 anos, teve um investimento social na ordem de 2,4 bilhões de reais, que beneficiaram 3,3 milhões de pessoas em mais de 6 mil projetos. A entidade está presente em 1.900 cidades brasileiras, “a cada três cidades, em uma, ela está presente” completou.
O processo de construção de cisternas vai além da entrega da tecnologia, um programa de formações permite que as famílias reforcem suas práticas de manejo agroecológico e ampliem os seus conhecimentos por meio dos intercâmbios de experiências, entre duas comunidades de um mesmo município ou entre municípios diferentes, como destacou Madalena Medeiros, assessora técnica do Centrac, uma das organizações da ASA Paraíba executora do projeto na região. “A gente veio de uma agricultura muito tradicional, desde os fazendeiros, o normal era usar veneno, produzir uma coisa só e vender para o atravessador. A gente achava que essa era a única forma de produzir. Com o apoio do P1+2, as formações, a gente percebeu que pode sim, não usar veneno e que dá para produzir bem. Hoje a gente planta um pouco de tudo”, conta Lidiane Muniz, de 23 anos, moradora do Assentamento Almir Muniz.
No lote de 13,5 hectares, a jovem, que é técnica em Agroecologia, trabalha com os pais na criação de galinhas, gado, caprinos e ovinos e na produção de uma diversidade de culturas, como macaxeira, amendoim, jerimum, batata doce, cana de açúcar, abacaxi, limão, acerola, banana e hortaliças. Junto com os pais Maria José, ou ‘dona Zezé’ e seu Moacir eles participam, todos os sábados, da Feira Agroecológica de Itabaiana. “Para a gente melhorou muito, porque, além de não precisar mais comprar um monte de coisas, a gente ainda melhora a nossa renda com a venda”, avalia seu Moacir.
Dona Zezé diz que, por conta da seca, a maior que eles têm enfrentado (desde 2011, não chove com regularidade na região), a produção de hortaliças as vezes diminui: “Ainda assim eu faço e levo para a feira bolo de macaxeira, pé de moleque, beijú, tapioca, macaxeira e batata doce cozidas e galinha de capoeira guisada”, disse. Dona Maria José Dias da Silva, ou dona ‘Nenê’, como é conhecida, também mora no Assentamento Almir Muniz. Ela diz que a chegada da cisterna ajudou a resgatar a sua criação de galinhas, que por conta da falta de água, havia sido obrigada a abandonar: “Para mim foi ótimo, além da minha criação de galinhas, tem o meu coentro, o meu pimentão, que eu já não compro mais. A minha cisterna, mesmo com a pouca chuva, sangrou, eu ainda enchi uns ‘camburões’, mas não dei conta, se outra cisterna eu tivesse, ela tinha enchido também, é uma benção! ”, diz a agricultora.
De acordo com as famílias visitadas, com a água armazenada na cisterna de beber e cozinhar, por exemplo, é possível abastecer a casa de cinco a seis meses, dependendo do uso. Na Paraíba, as famílias ainda desenvolvem uma série de estratégias, como a recarga de cisternas, retirando água de pequenos barreiros com ajuda de uma pequena bomba, o que evita a evaporação e ainda tem investido em um sistema de reuso da água do banho e das pias da casa, a chamada “água cinza”, que são usadas para aguar fruteiras. “Nós da ASA Paraíba, inclusive, estamos em uma parceria com o INSA (Instituto Nacional do Semiárido) para realizar estudos da qualidade desse tipo de água e dos produtos, produzidos à partir desse reaproveitamento, para poder investir com toda a segurança”, explicou Glória Araújo Batista. “A cisterna não é início, meio e fim. Outros projetos devem ser agregados no futuro, a exemplo do reuso da água cinza”, disse ainda Gerôncio Luna.
3 comentários:
O melhor, damos a eles a vara para eles mesmos pescarem e não somente o peixe.
Lindo Projeto.
Participei muitas vezes desse lindo ato de amor, lindossss, amos vcs.
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