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quinta-feira, 26 de abril de 2012
RESPOSTAS COMUNITÁRIAS
O SPM NE por meio do articulador social Ricardo Rian participou, no mês de março, no estado de São Paulo do encontro RESPOSTAS COMUNITÁRIAS: Encontro de Saberes e Fazeres que reuniu diversas instituições latinoamericanas que trabalham na perspectiva do trabalho comunitário. E para saber como foi este encontro e com esta sendo desenvolvido o projeto Protagonismo Juvenil entrevistamos Ricardo Rian que fala abertamente sobre sua contribuição na cidade de Bayeux no bairro Mario Andreazza
SPM NE:Qual o objetivo do encontro RESPOSTAS COMUNITÁRIAS: Encontro de Saberes e Fazeres?
Ricardo Rian: O encontro teve como objetivos:
· Visibilizar as iniciativas comunitárias que buscam dá respostas as questões de sofrimento social.
· Propiciar espaço de reflexão buscando integrar práticas e teoria;
· Favorecer a desconstrução de conceitos e verdades sobre questões como drogas, vida de rua, abandono, entre outros problemas do cotidiano comunitário.
SPM NE: A programação do evento havia a previsão de diálogos, intervenções e integrações, qual foi a nossa participação e qual os ensinamentos adquiridos que podem ser aplicados aos trabalhos realizados aqui em Bayeux?
Ricardo Rian: Fomos enquanto membros do Instituto Empodera (que foi a organizadora do evento). O encontro não tinha como objetivo apresentar as experiências do Empodera ou de seus parceiros. Mas dá visibilidade há outras experiências comunitárias existentes no Brasil que são “invisíveis” para a sociedade e também conhecer experiências de outros países e dialogar com elas, ampliando nossa rede.
Na oportunidade fizemos vários contatos com outros países latinos americanos (Chile, Costa Rica e Colômbia), dialogando com as experiências na aplicação da metodologia comunitária. O resultado desta troca foi o convite para irmos a Colômbia e posteriormente a Costa Rica. Na Colômbia conheceremos a experiência do centro de escuta desenvolvido em escolas. No Chile fomos convidados para participar de um curso na cidade de Pontarena, colaborando como formador .
Estiveram presentes também outras representações da Paraíba, como os quais diálogos, como representação do Programa Estadual de Política sobre Drogas da Paraíba – PEPD, ligado a Casa Civil e o Centro Regional de Referência para Formação de Profissionais na área de Drogas (CRR), do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB), o que poderá vir a se constituir em uma futura parceria com o objetivo de formação de lideres comunitários.
SPM NE: E por falar em Bayeux nos fale um pouco do trabalho desenvolvido no Mutirão (objetivos, avanços e desafios)?
Ricardo Rian: Nossa entidade faz parte de uma rede latinoamerica que tem como objetivo a redução da violência através do protagonismo juvenil no contexto comunitário.
Nesse sentido, nossa ação tem foco na escola, mas não atuamos apenas nela, desenvolvemos também ações com outros grupos na comunidade onde está inserida, como mulheres e agora mais recente com catadores.
Na escola, realizamos o diagnóstico de acordo com os instrumentais da metodologia de Tratamento Comunitário - ECO2, com objetivos de identificar os lideres de opinião, os problemas/conflitos, e identificar as redes sociais. A partir de então, trabalhar com as representações sociais e as redes existentes buscando provocar mudança no contexto social escolar.
Reconhecemos que a escola é um espaço que representa e reproduz a institucionalização da condição periférica e a situação de exclusão da comunidade. Sendo ela um importante espaço de convivência em sociedade, reforça e ensina aos “futuros” cidadãos (crianças, adolescentes e jovens) o modelo de uma sociedade excludente. Portanto, se queremos produzir mudança na sociedade, à escola é um bom campo de trabalho.
As ações desenvolvidas estão na perspectiva de permitir a comunidade escolar (alunos, professores, funcionários e gestores) o entendimento deste modelo de escola, e a partir da ação protagônica dos adolescentes, proporcionar um novo aprendizado, desconstruindo o que está posto, e criando novas relações de convivência comunitária.
Vale ressaltar que a proposta metodológica é baseada em processos. Em 2011 trabalhamos na mudança da representação social em relação aos adolescentes.
Alguns avanços:
- A comunidade escolar acumulou conhecimento sobre seu potencial de influência para alteração da situação vivênciada na escola em relação às várias formas de violência;
- O corpo docente, a direção e os funcionários, superaram em certa medida, uma forte representação social negativa em relação aos educandos e a comunidade. Está sensibilizada para a importância do protagonismo dos alunos e da comunidade na procura de soluções, experimentou por esse meio uma redução da violência;
- Criação de um grupo de adolescentes multiplicadores de matemática;
- A supervisora escolar da escola acompanha está sensibilizada para replicar a experiência em outra escola, bem como a coordenadora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação; conheceu a proposta e ficou bem interessada;
- No âmbito comunitário foi criada uma Associação de catadores de material reciclável que vem sendo acompanhado desde 2011, a intenção é que este ano os adolescentes colaborem de alguma forma com sensibilização da comunidade para educação ambiental. O grupo foi inserido num projeto com a Secretaria Desenvolvimento Humano do Estado e está previsto para receber uma prensa, uma balança, 15 carrinhos, um elevador e uma borracharia para conserto dos carrinhos, isso com objetivo de organizarem a coleta dos materiais recicláveis.
- O espaço de convivência das mulheres, continua funcionando, tendo ampliado suas atividades, além de terapia ocupacional e convivência comunitária, agora está sendo oferecido reforço escolar a seus filh@s;
Quanto aos desafios:
Em relação à escola, evidenciamos os problemas estruturais da escola, que limitam a ação do projeto, como a falta e a rotatividade de professores na escola, que dificultam um planejamento e o acompanhamento continuo de uma mesma equipe e a falta de espaço fisico para desenvolvimento de atividades com alunos em horário distintos dos horários de aula. Mas, sobretudo, o grande desafio é consolidar a perspectiva de continuidade do processo de construção de uma escola auto-crítica pela escuta;
Em relação ao grupo de catadores, o desafio é estrutura a coleta seletiva, ampliando o número de catadores de forma associativa;
Quanto ao grupo de mulheres, o desafio é a captação de recursos para poder dá maior estrutura e amplitude ao trabalho, já que esta ação não conta com recursos para financiamento.
SPM NE: Durante o seminário foi publicado o livro “TRATAMENTO COMUNITÁRIO manual de trabalho” nos fale um pouco sobre este documento e qual a nossa participação já que somos parceiros na publicação.
Ricardo Rian: O manual trata de temas relacionados à intervenção comunitária com foco na exclusão social grave (drogas, situação de rua, prostituição, etc.).
Diante da complexidade dos assuntos, para melhor compreensão das problemáticas, os temas são abordados trazendo a teoria e práticas vivenciadas nas diversas experiências comunitárias, em dez países diferentes, inclusive o Brasil, que utilizam e aplicam a Metodologia de Tratamento Comunitário, baseado em ECO2 (epistemologia da complexidade ética e comunitária).
Nossa contribuição (assim como de outros parceiros do Instituto Empodera) foi a de apresentar a prática, disponibilizando exemplos, diagnósticos da comunidade, para ilustrar a teoria. No nosso caso (SPM-NE), isso pode ser visto nas páginas: 138, 139, 140, 141, 143, 159, 162, 164, 173, 174.
Além disso, participamos da discussão sobre elaboração do livro na versão brasileira. Isso porque na verdade, já havia um primeiro livro em espanhol. O livro foi traduzido (teoria) e adaptado à realidade brasileira com outros textos e ilustrações, exemplos práticos dos temas que o livro trata.
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