O SPM NE por meio do articulador social Ricardo Rian participou, no mês de março, no estado de São Paulo do encontro RESPOSTAS COMUNITÁRIAS: Encontro de Saberes e Fazeres que reuniu diversas instituições latinoamericanas que trabalham na perspectiva do trabalho comunitário. E para saber como foi este encontro e com esta sendo desenvolvido o projeto Protagonismo Juvenil entrevistamos Ricardo Rian que fala abertamente sobre sua contribuição na cidade de Bayeux no bairro Mario Andreazza
SPM NE:Qual o objetivo do encontro RESPOSTAS COMUNITÁRIAS: Encontro de Saberes e Fazeres?
Ricardo Rian: O encontro teve como objetivos:
· Visibilizar as iniciativas comunitárias que buscam dá respostas as questões de sofrimento social.
· Propiciar espaço de reflexão buscando integrar práticas e teoria;
· Favorecer a desconstrução de conceitos e verdades sobre questões como drogas, vida de rua, abandono, entre outros problemas do cotidiano comunitário.
SPM NE: A programação do evento havia a previsão de diálogos, intervenções e integrações, qual foi a nossa participação e qual os ensinamentos adquiridos que podem ser aplicados aos trabalhos realizados aqui em Bayeux?
Na oportunidade fizemos vários contatos com outros países latinos americanos (Chile, Costa Rica e Colômbia), dialogando com as experiências na aplicação da metodologia comunitária. O resultado desta troca foi o convite para irmos a Colômbia e posteriormente a Costa Rica. Na Colômbia conheceremos a experiência do centro de escuta desenvolvido em escolas. No Chile fomos convidados para participar de um curso na cidade de Pontarena, colaborando como formador .
Estiveram presentes também outras representações da Paraíba, como os quais diálogos, como representação do Programa Estadual de Política sobre Drogas da Paraíba – PEPD, ligado a Casa Civil e o Centro Regional de Referência para Formação de Profissionais na área de Drogas (CRR), do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB), o que poderá vir a se constituir em uma futura parceria com o objetivo de formação de lideres comunitários.
SPM NE: E por falar em Bayeux nos fale um pouco do trabalho desenvolvido no Mutirão (objetivos, avanços e desafios)?
Ricardo Rian: Nossa entidade faz parte de uma rede latinoamerica que tem como objetivo a redução da violência através do protagonismo juvenil no contexto comunitário.
Na escola, realizamos o diagnóstico de acordo com os instrumentais da metodologia de Tratamento Comunitário - ECO2, com objetivos de identificar os lideres de opinião, os problemas/conflitos, e identificar as redes sociais. A partir de então, trabalhar com as representações sociais e as redes existentes buscando provocar mudança no contexto social escolar.
Reconhecemos que a escola é um espaço que representa e reproduz a institucionalização da condição periférica e a situação de exclusão da comunidade. Sendo ela um importante espaço de convivência em sociedade, reforça e ensina aos “futuros” cidadãos (crianças, adolescentes e jovens) o modelo de uma sociedade excludente. Portanto, se queremos produzir mudança na sociedade, à escola é um bom campo de trabalho.
As ações desenvolvidas estão na perspectiva de permitir a comunidade escolar (alunos, professores, funcionários e gestores) o entendimento deste modelo de escola, e a partir da ação protagônica dos adolescentes, proporcionar um novo aprendizado, desconstruindo o que está posto, e criando novas relações de convivência comunitária.
Vale ressaltar que a proposta metodológica é baseada em processos. Em 2011 trabalhamos na mudança da representação social em relação aos adolescentes.
Alguns avanços:
- A comunidade escolar acumulou conhecimento sobre seu potencial de influência para alteração da situação vivênciada na escola em relação às várias formas de violência;
- O corpo docente, a direção e os funcionários, superaram em certa medida, uma forte representação social negativa em relação aos educandos e a comunidade. Está sensibilizada para a importância do protagonismo dos alunos e da comunidade na procura de soluções, experimentou por esse meio uma redução da violência;
- Criação de um grupo de adolescentes multiplicadores de matemática;
- A supervisora escolar da escola acompanha está sensibilizada para replicar a experiência em outra escola, bem como a coordenadora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação; conheceu a proposta e ficou bem interessada;
- No âmbito comunitário foi criada uma Associação de catadores de material reciclável que vem sendo

- O espaço de convivência das mulheres, continua funcionando, tendo ampliado suas atividades, além de terapia ocupacional e convivência comunitária, agora está sendo oferecido reforço escolar a seus filh@s;
Quanto aos desafios:
Em relação à escola, evidenciamos os problemas estruturais da escola, que limitam a ação do projeto, como a falta e a rotatividade de professores na escola, que dificultam um planejamento e o acompanhamento continuo de uma mesma equipe e a falta de espaço fisico para desenvolvimento de atividades com alunos em horário distintos dos horários de aula. Mas, sobretudo, o grande desafio é consolidar a perspectiva de continuidade do processo de construção de uma escola auto-crítica pela escuta;
Em relação ao grupo de catadores, o desafio é estrutura a coleta seletiva, ampliando o número de catadores de forma associativa;
Quanto ao grupo de mulheres, o desafio é a captação de recursos para poder dá maior estrutura e amplitude ao trabalho, já que esta ação não conta com recursos para financiamento.
SPM NE: Durante o seminário foi publicado o livro “TRATAMENTO COMUNITÁRIO manual de trabalho” nos fale um pouco sobre este documento e qual a nossa participação já que somos parceiros na publicação.
Ricardo Rian: O manual trata de temas relacionados à intervenção comunitária com foco na exclusão social grave (drogas, situação de rua, prostituição, etc.).
Diante da complexidade dos assuntos, para melhor compreensão das problemáticas, os temas são abordados trazendo a teoria e práticas vivenciadas nas diversas experiências comunitárias, em dez países diferentes, inclusive o Brasil, que utilizam e aplicam a Metodologia de Tratamento Comunitário, baseado em ECO2 (epistemologia da complexidade ética e comunitária).
Nossa contribuição (assim como de outros parceiros do Instituto Empodera) foi a de apresentar a prática, disponibilizando exemplos, diagnósticos da comunidade, para ilustrar a teoria. No nosso caso (SPM-NE), isso pode ser visto nas páginas: 138, 139, 140, 141, 143, 159, 162, 164, 173, 174.
Além disso, participamos da discussão sobre elaboração do livro na versão brasileira. Isso porque na verdade, já havia um primeiro livro em espanhol. O livro foi traduzido (teoria) e adaptado à realidade brasileira com outros textos e ilustrações, exemplos práticos dos temas que o livro trata.
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