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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

SPM NE realiza Assembléia de Avaliação e Planejamento.

Nos dias 29, 30 e 31 de janeiro aconteceu na cidade do Conde/PB Assembléia do SPM NE que teve como objetivo avaliar as atividades realizadas no ano de 2009 e fazer o planejamento para o ano de 2010.

Vindos das mais variadas regiões do Estado (Litoral, Brejo e Cariri) os Agentes Pastorais começaram na sexta-feira pela manhã com um momento de mística: cada um foi motivado a refletir sobre sua vida respondendo a três questões: O que gosto de fazer no meu dia-a-dia? O que faço de melhor? Quais as minhas fragilidades? Construindo assim a identidade coletiva do SPMNE.



Na tarde do dia 29 foi realizada uma avaliação dos trabalhos desenvolvidos em 2009, neste momento os representantes de cada projeto do SPMNE apresentaram dados sobre os desafios enfrentados e os impactos alcançados pelas ações desenvolvidas. Ainda na sexta-feira, os Agentes Pastorais refletiram sobre os rumos do SPM NE; Como meio de motivação e orientação foi lida a carta da XV Assembléia Nacional do SPM e foi pedido aos grupos que discorressem sobre os sonhos para o conjunto do SPMNE; Neste momento também foi construído, coletivamente, a missão do SPM NE: “Construir processos organizativos, defender os direitos humanos, econômicos, sociais, culturais e ambientais, sendo presença inculturada e profética no enfrentamento da migração forçada.”

O dia 30 teve uma pauta repleta, em todo período da manhã foi construída uma agenda coletiva para as atividades do SPM NE na Paraíba, vale-se destacar: o calendário trimestral de formação, as visitas ao eito e aos alojamentos dos trabalhadores temporários, os cursos de Gerenciamento de Recursos Hídricos e a disposição dos Agentes Pastorais em realizar a 15ª Romaria do Migrante na cidade de Fagundes/PB.
Na tarde de sábado, a equipe de Tratamento Comunitário, ministraram uma oficina de sensibilização quanto à metodologia do CBT (Centro Brasileiro de Tratamento Comunitário), nela os presentes puderam conhecer um pouco desta nova metodologia e ainda foi agendado um calendário de formação para multiplicadores.

O domingo, dia 31, como já é de costume nos encontros do SPM NE foi destinado ao lazer, no qual os presentes confraternizaram-se e reafirmaram seus respectivos compromissos com os migrantes do Nordeste brasileiro.


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

OS TERREMOTOS NO HAITI

Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS


O abalo sísmico que recentemente devastou a capital do Haiti, Porto Príncipe, e seus arredores, só fez desvendar outros abalos sísmicos, históricos e estruturais, que marcam a face desfigurada daquele país. Primeiramente, temos os tremores políticos. Segundo país das Américas a conquistar a independência, só perdendo para os Estados Unidos, o Haiti revela uma trajetória de grande turbulência. A revolta dos escravos na ex-colônia francesa tentou forjar uma república negra ou afro-americana , única no continente, mas raramente logrou uma estabilidade política sobre a qual construir as bases de uma nação minimamente autônoma. De um extremo ao outro, da ditadura ao desgoverno, a instabilidade e a insegurança são páginas dolorosas e às vezes sangrentas de sua história.


Também do ponto de vista econômico, a nova república não conseguiu levantar os alicerces de uma infra-estrutura sólida, robusta e sustentável. Os empreendimentos na agricultura, por exemplo, não tem dado conta de matar a fome crônica de seus habitantes. Mais precárias ainda são as fontes energéticas, a tecnologia e a malha viária e portuária. Como no campo da política, a produção agrícola e industrial não floresceu em direção a uma economia minimamente autônoma. Os embargos sofridos pela ilha pioraram ainda mais se desenvolvimento.


Filho dessa política e dessa economia, o campo social resultou um caos generalizado ao longo dos séculos. Igualmente aqui, as turbulências não foram menos profundas. A pobreza e a miséria recorrentes degeneram em saques e revoltas, onde a criação e/ou fortalecimento de grupos rivais, mescladamente étnicos e sociais, ganha dimensões trágicas, violentas e, não raro, conflitos sanguinários. O índice de alfabetização e de escolaridade constitui um dos mais baixos do planeta, equiparando-se aos países mais pobres da África subsaariana.


Quando cidadãos que reverenciam a mesma bandeira e cantam o mesmo hino nacional, nas ruas e à plena luz do dia, disputam aos gritos, socos e empurrões caixas de comida, recipientes de água e um lugar na fila, algo se rompeu definitivamente na chamada civilização humana. Irreversivelmente, o tecido social se rasga e a dignidade da pessoa humana se vê aviltada e pisoteada.


Na Haiti, a precariedade na saúde, nos transportes públicos, na habitação e no consumo de um mínimo de calorias diárias é notória e mundialmente conhecida. Conhecida mas historicamente ignorada! A verdade é que o mundo, especialmente os países ricos, a começar pela antiga colonizadora França, tem marchado para o progresso indiferente ao abandono do Haiti, bem como de outros países do Caribe, da América do Sul, da África e da Ásia. Talvez a pronta solidariedade frente ao terremoto recente expresse, entre outras coisas, um sentimento de culpa desses países centrais. Uma forma de se ressarcir e purgar a indiferença passada. Daí o atropelo, a disputa e, por que não dizer, o caos pelo comando da ação humanitária.


Os abalos sísmicos - terremotos, revoluções, transformações tecnológicas ou políticas, culturais ou sociais – além de desnudar as feridas de uma nação esquecida, costumam também trazer lições. Lições duras e sofridas, aprendidas no fogo que torce o ferro e o aço. Quem sabe se abre um momento histórico não apenas para uma ação humanitária às vítimas do Haiti devastado, mas para a reconstrução conjunta da dignidade de todo um povo, de uma república e de uma esperança! Não bastam conferências e jogo de retórica, não basta jogar para a platéia. Faz-se necessário e urgente um investimento maciço para salvar a utopia de uma nação cuja bandeira expõe os símbolos da teimosia e da resistência.