Com mais de 300 pessoas
reunidas na manhã desta quarta-feira (14), no auditório do Santuário de Padre
Ibiapina, em Arara, a Articulação Semiárido Paraibano (Asa Paraíba) abriu a VI
edição da Festa Estadual das Sementes Paixão.
A mística de abertura do
evento trouxe a disputa entre os dois modelos de agricultura, de um lado o
agronegócio e as grandes corporações de transgênicos e agrotóxicos, e de outro
lado os povos tradicionais, indígenas, camponeses, guardiões e guardiãs da
agrobiodiversidade. Em uma mistura de alegria, emoção e memórias apresentou os
vários povos enfrentando a ameaça do agronegócio, para o projeto de convivência
com o Semiárido que a ASA vem construindo.
Ao som da música de Chico
Cesar “Reis do Agronegócio” pessoas representando a morte, a bancada ruralista
e técnicos pulverizando veneno em plantações, foram expulsos pelos povos camponeses
dos seus territórios, simbolizando a luta em defesa das Sementes da Paixão.
Em seguida, um resgate
histórico das festas anteriores foi realizado com a entrada dos estandartes
relembrando os vários temas e locais onde já foi celebrada a festa das Sementes
da Paixão.
Poemas e depoimentos de
agricultores e agricultoras emocionaram o plenário e reafirmaram a importância
de celebrar esse tema em um contexto de tantos desafios.
A agricultora Betânia Buriti,
da Comunidade Canoa de Dentro, município de Pedra Lavrada, explicou que a sua Semente
da Paixão é a Erva Babosa, planta medicinal do Semiárido usada para diversos
problemas de saúde: “Sou guardiã da Erva Babosa, aprendi com minha mãe a usá-la
como planta medicinal e isso têm trazido muitos benefícios a mim e a minha
família”.
Já para o agricultor Heleno,
da Serra de Teixeira, no Alto Sertão Paraibano, a conservação das sementes de animais
é fundamental para a biodiversidade do Semiárido. Ele é guardião de cabras e
vacas nativas, que chama de “Pé Duro”: “Muita gente deixa de ter a vaca
adaptada a nossa região que dá 10 litros de leite independente de ração, para
criar uma vaca que precisa de vários tipos de ração para poder dar leite”.
E foi neste clima de
pertencimento e defesa da agricultura familiar que a programação da manhã foi
encerrada ao som da música “Pai Nosso dos Mártires” que foi cantada por todo o
público presente de forma solene em alusão a luta e a resistência das sementes
crioulas.
A VI edição da Festa
Estadual das Sementes da Paixão conta com a presença de representações e lideranças
agricultoras dos territórios do Alto Sertão, Médio Sertão, Cariri, Seridó,
Curimataú e Borborema, além de integrantes da Articulação Semiárido Brasileiro
(Asa Brasil), Asas de outros estados do Semiárido, povos indígenas Xucuru de
Ororubá e Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
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