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Eva e seus filhos, Lucas e Laura. Foto: Juliana Michelle/SPMNE |
A agricultora Eva Vilma de Macedo Barbosa, 34 anos, reside na comunidade Taboado de Cima, a 8 km do centro de Boqueirão/PB. Filha de pais agricultores, a mais nova entre dez filhos/as, Eva é apaixonada pela vida do campo e desde criança contribui com as atividades agrícolas. Foi ajudando seus pais que ela adquiriu muitas experiências, que carregará consigo para toda a vida. Casada com Jocelino Pereira Barbosa, Eva tem dois filhos, João Lucas de nove anos e Ana Laura de quatro anos. Durante seis anos moraram na casa de seus pais, devido às dificuldades da vida. Trabalhando dia a dia, o casal conseguiu comprar um pedaço de terra de cinco hectares, próximo à família, mas quando estavam prestes a mudar para sua casa, seu pai faleceu e somente após seis meses puderam concretizar o sonho, levando junto sua mãe, dona Josefa Andrade.
Jocelino trabalha como segurança, na cidade de Campina Grande/PB e Eva tem uma rotina movimentada na agricultura. Faz todas as tarefas domésticas, se dedica aos seus dois filhos e ao arredor da casa. Cria 30 galinhas, colhe ovos todos os dias, cuida de 10 cabras e 10 cabritinhos e tem uma boa produção de queijo feito com o leite de cabra. Além disso, cuida das plantações de batata e macaxeira, bem como das fruteiras, que possibilitam uma alimentação saudável para toda família. “Tenho uma terra muito boa e tudo que planta dá” – diz Eva. Em breve, com o apoio do programa uma terra e duas águas (P1+2), pretende ter uma horta, de onde possa garantir a alimentação da família. E acrescenta: “O que tenho vontade vou plantar quando a água chegar, se Deus quiser”.
A partir de uma visita de representantes da Associação do Coletivo ASA Cariri Oriental (CASACO), Eva resolveu fazer parte da associação e transformar sua vida e de sua família. Vivendo com a renda de apenas um salário mínimo do esposo, que teve que migrar do campo para a cidade, a obstinada Eva começou a mudar essa realidade. Agricultora experimentadora, participa do GT de Mulheres e busca se fazer presente em todas as reuniões da associação e dos agricultores da região. Valoriza muito essa troca de experiências e os cursos de formação oferecidos pelos programas, como é o caso da capacitação em Gestão de Água para Produção de Alimentos (GAPA), que participou recentemente, onde aprendeu muitas coisas novas. “Quem faz parte dos agricultores experimentadores, tanto aprende quanto repassa o que sabe.” – deixa claro Eva.
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Queijo produzido por Eva. |
E é por isso que agora ensina outras pessoas a produzir o queijo do leite de cabra. Vale dizer que essa prática foi herança de seu pai, que tinha uma criação muito grande de vacas e fazia queijo para vender. A produção do queijo de leite de cabra vem dando tão certo que atualmente Eva vende uma média de 8 kg por semana e nos diz que “pra quem não tinha renda nenhuma, fico bastante feliz em ter conseguido isso”. Aos poucos começou a expandir sua criação e produção: as 10 cabras já procriaram e em breve a produção de queijo deverá aumentar. “Como eu gosto de fazer não me dá trabalho, uma coisa pra dar certo tem que gostar” – enfatiza ela. A família já conquistou a primeira cisterna pelo programa um milhão de cisternas (P1MC), e agora está chegando mais uma tecnologia social, uma cisterna calçadão, através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), executado pelo Serviço Pastoral dos Migrantes do Nordeste (SPM NE), em parceria com o CASACO.
Na casa de Eva todos estão felizes com mais essa conquista, pois ela trás a certeza de que com água armazenada é possível manter e até ampliar a produção e a criação. “Quando tiver mais água vou plantar mais e dará muito bem para viver tranqüilo aqui. Se Deus quiser a gente consegue, aos poucos, buscando melhorias” – nos afirma a agricultora, com um largo sorriso.
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Eva e seus filhos, Lucas e Laura. Foto: Juliana Michelle SPMNE |
Eva deseja também criar porcos, porque com isso não perderá mais o soro da produção do queijo. Vai organizar seu espaço e colocar os animais cada um no seu lugar. Todos esses esforços e dedicação são para garantir melhor qualidade de vida e segurança alimentar e gerar mais renda para a família, o que possibilitará a volta do seu esposo para a agricultura. Jocelino trabalha na cidade porque se vê obrigado, mas o que gosta mesmo de fazer é mexer com a terra e com os bichos, por isso pretende voltar o quanto antes para o seu lugar e Eva acredita que com a chegada do P1+2 esse sonho está perto de se realizar. Com muita paixão pelo semiárido e amor pelo seu cantinho de viver, ela lembra que atualmente nas comunidades rurais se tem mais conforto e diferentemente do passado, hoje tem água, tem cisterna na frente de casa, tudo que se precisa para viver bem e feliz. Finaliza dizendo: “Não troco isso aqui por nada e não dou por dinheiro nenhum”.
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